sábado, 3 de novembro de 2012

“Fico o dia todo tentando não lembrar. Tentando não escrever nada sobre. Tentando não falar. Tentando pensar menos. Achei agora uma daquelas mensagens que você me mandava e que eu sempre guardei algumas, e dizia mais ou menos assim: “Não quero perder o que a gente tem.”. Lembro muito desse dia, lembro de tudo, aliás. Eu respondi algo do tipo: “Tem eu, e tem você. Nós. E a gente tem um ao outro, certo?”, você falava que era a sua preferida. Achei também um dos meus vários textos não terminados para você. “Aqui, ou se passando uns trocentos anos, você é a minha coisa preferida do universo.”, tinha isso num trecho do meu texto incompleto. Um dos muitos. Talvez tenha sido esse o nosso problema, nós sempre fomos um completo incompleto. Eu prometi que não escreveria mais nada, absolutamente nada, porque mesmo que eu escreva sobre os moradores debaixo do viaduto eu vou lembrar de você. — das minhas tiradas que você morria de rir — Prometi que não escreveria porque eu teria que usar os verbos no passado. Tem coisa mais triste que isso? Me fala, tem? Um passado presente. Um passado que tudo que eu mais queria, era que fosse presente e futuro. Me diz, tem?”

“Mais um texto incompleto (porque nunca irei conseguir expressar tudo) para você. Mas, o último deles”. Mércia Cardoso.

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