domingo, 30 de dezembro de 2012

❝Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.
— Carlos Drummond de Andrade.
Vivo dias sem cor, ando pelas ruas de alto perigo, o tempo todo com medo, mas não desisto. Dizem que dias bons sempre vem, e que temos que esperar. Meu filho, eu sou a espera mais longa que existe em busca de dias bonitos.

— Vivo de esperas.
"Brinco de ser forte, você não entende. Tenho data pra sumir, não posso esperar, preciso dar asas aos passarinhos que vivem dentro do corpo que eu possuo. Rasgar o peito como se rasga o papel e abri-lo deixando minhas crias saírem pelo mundo, espalhando meus sentimentos pra quem não tenha.
Triste é se sentir cheio, ser vazio faz mais o meu tipo. Minha força está na solidão, já dizia Lispector. Pois bem, eu faço esse tipo. A vida se encarrega a quem mandar os sentimentos. Levo uma vida de amores perdidos, palavras grandes, sentimentos do tamanho da capacidade da minha insegurança. Tenho um complexo de inferioridade banal, e não faz o meu tipo sorrir em uma mesa com os amigos quando quero chorar sozinha no banheiro da minha casa ouvindo Caetano. Triste é engolir as palavras quando se quer vomita-las, quando quero me vomitar."

Lisbela, triste é ter tanto pra falar e ter que parar em um fim que achou estar longe.
"Você saía pela porta e me fazia berrar tantas vezes “não” e implorar quase de joelhos por um “sim”. Você jogava o seu jogo e eu levava um gol atrás do outro. O sol me cegou, a barreira pulou, o pé escorregou: eu levei goleadas do seu coração. Era metade demais para quem se dava por inteiro a ti, quem se jogava na lama, subia em árvores, ralava os joelhos e machucava as mãos. Então, eu não quebrei mais nenhum vaso, não rasguei mais cartas ou queimei incensos para espantar o seu cheiro. Gosto do seu perfume, é fato, vou gostar em você e em qualquer outro. Não invejo mais a aliança tamanho gigante da vizinha ou a minha sobrinha de cinco anos que ganhou uma rosa do namoradinho. Não me importo mais se a data passou e você esqueceu, se o telefone ficou mudo, se a campainha quebrou. Tudo porque eu não te espero mais. Qualquer dia você passa e me chama no interfone para uma bebida a mais ou um passeio calmo para ver o pôr-do-sol. É que o sol, para nós, já se pôs faz tempo."

Camila Costa.
E tem dias que é assim mesmo. Eu não quero graça, conversa, brincadeira. Quero ficar no meu mundo imaginário, erguer os muros e riscar os limites. Mas ainda assim, tem pessoas que se atrevem a atravessar essas barreiras. E o pior de tudo, se surpreendem com a minha reação agressiva. Você chama de ignorância, eu chamo de auto-defesa.

Allax Garcia
Você acha mesmo que tem ainda uns dez anos para dizer o que realmente importa às pessoas que ama? Doce ilusão. Seu tempo acabou. É hora de repensar sua contribuição diária ao clube. A gente só vive uma vez, você tem certeza que você é aquilo que gostaria de ser? Olhe uma foto sua enquanto criança e compare com o que você se tornou. Se você morrer hoje (acredite, pode acontecer), é assim que você gostaria de ser lembrado? É hora de deixar de ser babaca.

Gabito Nunes

sábado, 29 de dezembro de 2012

"Entra pra ver como você deixou o lugar
E o tempo que levou pra arrumar
aquela gaveta

Entra pra ver
Mas tira o sapato pra entrar
cuidado que eu mudei de lugar
algumas certezas
pra não te magoar...

Mas se você quiser
alguém pra amar ainda
Hoje não vai dar
Não vou estar.
Te indico alguém"

Açúcar ou adoçante, Cícero.
"Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós. A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre. Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não to esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era sua antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer.Mas a gente combinou que não era amor. Você abriu minha água com gás predileta e meu sabonete de manteiga de cacau. E fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro. Ou pra tentar lembrar meu cheiro e ver se ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Mas ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui, reunidos nesse momento, porque temos duas coisas muito simples em comum: nada melhor pra fazer. Só isso.
É o que está no contrato. E eu assino embaixo. Melhor assim. Muito melhor assim. Tô super bem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo. Não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal. Não deixa eu assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado. Não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos. Não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver. Não faz eu ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso.Combinamos que não era amor e realmente não é. Mas esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia.
E aquele cara mais novo, e aquele outro mais velho, e aquele outro que escreve, e aquele outro que faz filme, e aquele outro divertido, e aquele outro da festa, e aquele outro amigo daquele outro. E todos aqueles outros viram formiguinhas de nariz vermelho. E eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você? Coitado. Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo o que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pra trás é poder cruzar com você de novo.Não é amor não. É mais que isso, é mais que amor. Porque pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre. E eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo. Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu vou continuar me fantasiando de não amor, só pra você poder me vestir e sair por aí com sua casca de não amor. E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo “bonito carro, boa balada, boa idéia, bonita cor, bonito sapato”. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: Não existe ninguém aqui dentro.
Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu dono. Só para enganar o cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou deixar. Vai que um dia você acredita."

Tati Bernardi
Você se afastou sem mais nem menos e eu apenas aceitei sua decisão. Não falei nada, muito menos o quanto isso estava me machucando e só deixei os dias passarem. Pensei muito em você, lamentei sua falta, mas não corri atrás. De nós dois, guardo lembranças e no seu lugar, a saudade ficou.”

~ You don’t need me, Marcello Henrique.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012





Weird Girl by Tim Burton
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gi-coque
“Só que chega uma hora que a gente não precisa mais de palavras. A gente só precisa de alguém que fique juntinho, ao nosso lado. Alguém para deitar-se no colo quando tudo estiver pesado, como agora. Às vezes só isso resolve muita coisa. Em horas como agora, que falta tão pouco. E ao mesmo tempo falta tudo. Dá para sentir a solidão entrando aqui na porta do meu quarto. Sem pedir licença ou permissão.”
— Mércia Cardoso.
“Os encantos também perdem a graça,
passam a ser desencantos.
O quente fica frio.
O inverno, verão.
E os amores…
Ah, o vazio está perambulando por aí,
cheio, cheinho de desamores.”
Mércia Cardoso.
❝A rosa apaixonou-se pelo cacto. Compreendia seus espinhos.

— Desconhecido.

"Não quero justificativas, não quero emoções frágeis, não quero uma vida composta de choros. Isso não é sobre eu ficar ou ir embora, isso é sobre a dor que você me causa e a felicidade que me fere. Você sabe o que quer e se distrai comigo como se eu fosse um brinquedo. Pega, brinca, faz o que quer e me joga no canto da casa enquanto recebe um pacote novo, com um brinquedo melhor.
Isso não é sobre você, isso é sobre mim.
É sobre você me fazer cerrar os punhos para não gritar que te amo, é sobre você me fazer acordar as 13:00 da tarde por desanimo de viver e assim, fazer com que eu perca o Sol das 10:00 que eu gosto tanto. Isso é sobre eu ficar desamparada a noite e a minha única opção ser você.
Isso é sobre o veneno que eu tomo querendo que você morra e que me faz morrer. É sobre querer e não querer saber se te mato ou se te deixo viver dentro de mim. A dúvida é o preço que eu pago por ter te conhecido.
Isso é sobre mim, sobre você, e sobre esse amor fictício que foi mal feito, mal encenado. Não temos platéia para nos aplaudir.”

Sophia, isso não é sobre você.
❝Façamos do nosso amor a esperança para todos os outros amores não correspondidos. Para aqueles que foram traídos, para aqueles que se sentem sozinhos. Façamos dos nossos abraços a vontade que todos tem de ter alguém do lado pra segurar a mão num momento difícil. Façamos de nossos beijos o desejo que todos têm de compartilhar os momentos com alguém. Que nós sejamos influência sobre os outros. Que nós mostremos à eles que o amor vence todas as barreiras, e que possamos provar que o amor muda as pessoas. O amor verdadeiro existe, o “felizes para sempre” existe, o eterno existe. Pena que são poucos que acreditam e correm atrás…

— Emanuella Sassella

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

❝ O relógio marcava 23:54 quando comecei a escrever. Tanta coisa na mente, tanta coisa pra dizer. Mas não sei se esse é o momento certo, nem sei se tem um momento certo pra isso. Não sei se devo dizer todas essas coisas que estão na minha cabeça, porque eu não devia pensar nada disso. Não devia querer certas coisas, nem certas pessoas. Eu deveria crescer na vida, não regredir. Mas ainda estou parada no mesmo lugar. Com as mesmas vontades absurdas. Com os mesmos desejos ridículos. Ainda estou aqui sentindo falta de quem já nem lembra de mim. Me preocupando com pessoas que não devem nem se recordar da minha existência. Já é quase natal, e sabe, eu particularmente não curto muito essa data, me dá uma nostalgia estranha, bate umas coisas sinistras que sério, me fazem mal. Eu deveria está lá embaixo agora, com a minha família, rindo e me divertindo. Mas não estou com vontade disso. Essa deveria ser uma data feliz, mas acontece que nem todas as pessoas tem as mesmas oportunidade que eu. Nem todas as pessoas estão felizes agora, nem todas as pessoas tem um bom lugar pra passar agora. E eu me sinto estranha lá me divertindo e fingindo que não estou sentindo todas essas coisas. Eu não estou feliz hoje, por várias coisas. Talvez os mesmos motivos de todos os dias. Talvez os mesmos problemas. Sempre pesando, me derrubando, fazendo que eu me sinta mal. Parece que quando a noite chega as coisas ficam piores. E pior ainda é olhar a minha volta e ver pessoas tão felizes, mas não pelo fato de sentir inveja, mas por sentir que não tenho a mesma capacidade que elas. Eu sei lá o que acontece comigo que me faz agir assim. Não sei porque tenho sempre que dificultar as coisas e encontrar problemas aonde não tem. Eu pensei que hoje seria diferente, pensei que talvez seria um bom dia, mas não, não passou de mais um dia. Não passou de mais um dia com os mesmos problemas, com as mesmas coisas me atormentando. Hoje não passou de mais um dia de muitos que ainda estão por vir.

Agora é natal, mas pra mim é apenas dia 25.


"Eu gosto muito de você. Muito mesmo, e, sei lá, mas é quase que anormal gostar tanto assim de alguém. Vou te falar que não conheço ninguém que goste de outra pessoa como eu gosto de você, não conheço alguém que faria um terço das coisas que já fiz por você, e se fizesse, aposto meu dedinho do pé que pediriam algo em troca. E é difícil porque esta tudo voltando e você nem percebe que você ainda vive em mim de uma forma quase que inacreditável. E é difícil porque a gente não se fala, não se pronuncia, não se manifesta. É difícil porque você acha que eu sou fácil, porque você não é mais o mesmo e eu gostava mais de você antes. Mas passei a te amar mais agora que você está distante. Sabe aquela historia de que a gente só da valor quando perde? Eu não te perdi, porque de fato nunca te tive. Mas eu perdi aquela tranquilidade que você me passava simplesmente por ter dado sinal de vida. Perdi a segurança de que você fosse me salvar quando eu precisasse. Você sabe que quando você era você, me ajudava sempre. E me entendia e me fazia acreditar que a vida é simplesmente isso que você vive. Sem limites. Eu me preocupo com você e não da pra entender como você consegue não notar isso. De verdade, cara, você marcou minha vida. E ficar sem falar nada, sem dar o braço a torcer, sem dizer uma sequer palavra a seu respeito só consegue me fazer gostar ainda mais. Nada muda isso. “Por que você me esquece e some? E se eu me interessar por alguém?” eu sei que você é orgulhoso. Mas já faz muito tempo. E numa dessas idas e vindas você já me confessou sentir falta das nossas brincadeiras. Então por que você não deixa sua vontade de ser independente só um pouquinho de lado e vem viver isso de novo? Aos poucos eu vou externando para o mundo outra vez sobre o quando é impossível te esquecer. Aos poucos eu vou deixando alguns sinais pelo ar pra que você olhe pra cima e veja que não dá, de jeito nenhum, pra eu te apagar da minha vida. Não é assim que as coisas funcionam, cara. A vida não pode se basear no orgulho. Mas quem sou eu pra falar isso, não é? Se é justamente o meu orgulho recém-criado que me impede de falar com você. O que aconteceu com a minha falta de medo de enfrentar as noites de insônia e aquela dor insuportável que dava todas as noites e ainda me trazia um pouco de você? O que aconteceu com a minha coragem? E o que aconteceu com você que tanto valorizava uma amizade e agora não se importa se nem isso de nós restou? Entende, cara, quando falei que te amaria ate meu ultimo suspiro, era de verdade. Você sabe da verdade."
"Quero ler mais livros. Escutar mais músicas. Assistir mais filmes. Quero ter menos preguiça, sentar mais no chão, correr mais pelo parque. Sabe, essas coisas fazem com que eu me sinta livre. Acho ruim a gente ter que se aprisionar. Quero sair de noite, caminhar sem rumo, ficar olhando para o céu. Pode soar bobo, mas isso pra mim é tão importante."
E quando eu te esquecer, vou comemorar, sem saber o por quê.

SoulStripper.
“Você foi para um lado. Eu para outro. Não chegamos nem perto do sempre. Mas teve graça e valeu muuito a pena. Valeu, sim. Não fracassamos, claro que não. Deu certo até onde tinha que dar. Foi eterno até o dia em que deixou de ser. Não ficou nenhuma mágoa, nenhuma vontade, nenhuma saudade.”
— Para todos os amores errados. (Clarisse Corrêa)