domingo, 21 de setembro de 2014

eu quero teu beijo
em desespero
e tuas mãos sendo
porto ancorando
em meu corpo.
teu, meu,
nosso
nó,
suor,
enlace
a sós.

(coração-voraz)
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quero ser tua paz,
em meio a um céu
que te acalenta e destrói.
da estação,
quero ser teu frio,
a chuva que encontra teus cabelos,
teu arrepio,
tua flor.
para tuas mãos cansadas
quero ser o afago
o tato e a fuga.
aos teus olhos,
ser o socorro,
o porto, mesmo não sendo tão seguro,
mas disposto a te amar o suficiente.
para não te fazer desistir da vida.
ao teu corpo ser reflexo,
espelho, encontro.

quando perder o teto, amor,
mora em mim.
e se por acaso se perder,
se acha nos eternos teus aqui,
porque você se fez assim.
da paz ao caos
do riso ao choro
do verão a primavera:
o meu amor te salva,
te borda,
te espera.
porque eu quero,
do último instante
ao primeiro:
não importa a estação
quero te amar o ano inteiro.

(coração-voraz)
Eu sou má, amor
Eu sou mar.
E me afogo em mim
Sem desespero.
A esperança boia
Enquanto me afogo
Em mim, amor,
Por que eu sou má
Comigo mesmo.

( http://antena-desarrumada.blogspot.com.br/ )

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Os jovens saem de noite
Para fugir da gaiola de suas casas
e ganhar asas

Os jovens apenas sonham de dia
perdem a sua poesia

Eu só quero brilhar
Como um vaga-lume
Que ilumina com o seu olhar.

Cazuza
"Não tinha nada e descobriu que não ter nada também era difícil. Era um outro tipo de fardo. Se ao menos existisse algum caminho mais suave entre esses dois. Parecia que um homem tinha apenas duas escolhas: acotovelar-se no jogo da ambição ou ser um mendigo."

Charles Bukowski
Queria lhe dar um presente,
Que te desvestisse pra mim,
Pois ter-te como presente,
É tudo o que eu sempre quis.

É sua,  esta caixa preta,
Vinda lá, da sex shop,
Dentro dela encontrarás
Uma lingerie luzente,
Totalmente transparente,
Preta, quase indecente.

Mas não é só isso não,
Há outro objeto também,
Um par de algemas de prata,
Que te prendam, inexoráveis,
À cama lá do meu quarto,
À cela do meu coração.

Quero te ter como nunca,
Como nunca te teve alguém,
Quero te ter algemada ,
Desavergonhadamente, confesso,
Que as algemas que te prendem
Me prendem também a você
E essa lingerie transparente,
Ao mostrar este seu corpo,
Lascivo, incendiado,
Faz com que eu me sinta escravo,
De tudo que vem de você.

Wilson Melo da Silva Filho
Ai que enjoo me dá o açúcar do desejo.

Ana Cristina Cesar
Estremecerei de susto até dormir, e no entanto é tudo tão pequeno.
Para o desejo do meu coração, o mar é uma gota.

Adélia Prado
A  lua foi ao cinema, passava um filme engraçado, a história de uma estrela que não tinha namorado. Não tinha porque era apenas uma estrela bem pequena, dessas que, quando apagam, ninguém vai dizer, que pena! Era uma estrela sozinha, ninguém olhava pra ela, e toda a luz que ela tinha cabia numa janela. A lua ficou tão triste com aquela história de amor que até hoje a lua insiste: — Amanheça, por favor!

Paulo Leminski
sempre admirei o vilão, o fora da lei, o filho da puta. não gosto dos garotos bem-barbeados com gravatas e bons empregos. gosto dos homens desesperados, homens com dentes tortos e mentes arruinadas e caminhos perdidos. são os que me interessam. sempre cheios de surpresas e explosões. também gosto de mulheres vis, cadelas bêbadas que não param de reclamar, que usam meias-calças grandes demais e maquiagens borradas. estou mais interessado em pervertidos do que em santos. posso relaxar com os imprestáveis, porque sou um imprestável. não gosto de leis, morais, religiões, regras. não gosto de ser moldado pela sociedade.

charles bukowski

domingo, 14 de setembro de 2014

Nobody's Home | via Tumblr
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The Walking Mistake | via Tumblr
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eu conheci o conceito de indisciplina quando esbarrei nos seus olhos que fugiam frenéticos de um futuro repleto de agostos, mas era novembro e chovia. metade de mim era superficialidade e a outra metade doía. então quando te olhei a paz foi sóbria, a complexidade foi óbvia e a felicidade foi diagnosticada. eu não era nada antes do seu amor e hoje eu continuo sendo nada, mas fui amada eu sei eu fui amada e tô armada de uma saudade que amarga e que não larga mão de ser o corpo ilusório que me mantém de pé. eu sou tudo que você era e o amor que a gente teve ainda é

por mim
até o fim dos meus dias.

(Berrlin)
A cena mostra ambos deitados na mesma cama, vestidos, conversando, quando começam a apagar lentamente, vencidos pelo cansaço. Antes de sucumbir ao mundo dos sonhos, ele ainda tem o impulso de tocar nela, que está ao seu lado, em posição fetal. Pousa, então, a mão no pé dela, que está descalço. E assim ficam os dois, de olhos fechados, capturados pelo sono, numa intimidade raramente mostrada no cinema.

Hoje, se você perguntar para qualquer pré-adolescente o que significa se divertir, ele dirá que é beijar muito. Fazer campeonato de quem pega mais. Beijar quatro, sete, treze. Quebram o próprio recorde e voltam pra casa sentindo um vazio estúpido, porque continuam sem a menor ideia do que seja um encontro de verdade, reconhecer-se em outra pessoa, amar alguém instintivamente, sem planejamento.

Martha Medeiros.
“Então, numa escala de 1 a 10, o quanto você gostaria de estar morta no momento?” Os olhos verde-acastanhados dela ficam ainda mais arregalados. Então, ela solta um delicado resmungo de divertimento. “Sendo 10 estar morta?”, ela diz. “Você é engraçado! Hoje é um bom dia.” Hoje ela escolhe a vida? “Sim, hoje escolho a vida.” Então a resposta é 1? “Dez. Dez!”, ela diz cantarolando. “Sete. Doze!” Ela joga a cabeça para trás e ri, aparentemente começando a se divertir.
Algum tempo atrás, talvez uns dias, eu era uma moça caminhando por um mundo de cores, com formas claras e tangíveis. Tudo era misterioso e havia algo oculto; adivinhar-lhe a natureza era um jogo para mim. Se você soubesse como é terrível obter o conhecimento de repente - como um relâmpago iluminado a Terra! Agora, vivo num planeta dolorido, transparente como gelo. É como se houvesse aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.

Frida Kahlo

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

overdosedeamor:

— A Estranha Passageira
"Eu sei que sou pesada, triste, dramática, neurótica, louca, insatisfeita, mimada, carente. Mas você se esqueceu da minha maior qualidade: eu sou só. Eu era só aos cinco anos quando eu não entendia porra nenhuma do que estava acontecendo e corria para rezar no banho. A fumaça de cigarro tomando toda a casa enquanto meus pais decidiam absolutamente nada em longas discussões que sempre terminavam com a minha mãe jogada em algum canto tremendo e vomitando, e eu com a certeza de que ela morreria cedo. Hoje em dia ela sinaliza o tempo todo que pode morrer por falta de carinho, e eu não consigo dar a mínima. Eu era só pesando seis quilos a menos, quando o mundo inteiro queria que eu comesse pra não morrer, e eu querendo viver tanto que tinha medo de não conseguir, como tudo que sempre quero muito, e acabo fodendo logo pra não ter que viver com a ansiedade do desejo maior do que eu. Eu quase morri de tanto que queria viver. E eu tô quase acabando com o seu amor por mim, de tanto que eu quero que você me ame. Percebe? Louca. Louca e só, porque ninguém vai aguentar isso. Eu sempre estou só quando sou tomada por um susto longo e paralisador que dá vontade de me concentrar apenas em mim, e não ver nada e nem ninguém, por isso quis chorar só e escondida atrás da porta, como um rato que todo mundo tem nojo, que causa doenças, que tem um longo rabo deixando tudo entreaberto para trás, mas que no fundo só quer um pouco de queijo, como qualquer criança bonitinha. Carregar nossa alma, com tudo o que ela tem de bom, de mal e de incompreensível, é uma tarefa solitária. Eu sempre fui só querendo ter uma família grande, café da manhã, Natal, cachorro, e eu continuo só quando te vejo como minha família, mas você me deixa sozinha com duas ou três opções de suco para uma ou duas opções de pão. O mundo é cheio de opções sem você, mas todas elas me cheiram azedas e murchas demais. Eu hoje fui ao banheiro duzentas vezes para ficar longe do meu celular e do meu e-mail, ficar longe de todas as possibilidades da sua existência. Me olhei no espelho bem profundamente para enxergar minhas raízes e ganhar força, chorei algumas vezes, fiquei sentada no chão do banheiro, para ver se meu corpo esquentava um pouco ou porque estava mesmo me sentindo um lixo. O ar-condicionado hoje está insuportável, mas eu não acho que mude alguma coisa desligá-lo. Estar sozinha não muda nada, conheço bem esse estado e, de verdade, sei lidar com ele. O que me entristece, é ter visto em você o fim de uma história contada sempre com a mesma intensidade individual. Eu tinha visto na sua solidão uma excelente amiga para a minha solidão. Achei que elas pudessem sofrer juntas, enquanto a gente se divertia."
— Tati Bernardi.
"O pássaro que voará mais alto sempre é o que não desistiu de avançar mesmo com a ausência de espaço. Não se restringiu a uma aparência apagada. Não se encabulou pelo sofrimento. Quando não havia chance de sair dali, aproveitou a solidão para se conhecer. Quando não havia com quem conversar, aproveitou o silêncio para afinamentos… Só voará alto aquele que criou seu lugar um pouco por vez, aquele que formou sua virtude em segredo, aquele que não culpou a vida para se manter parado. Liberdade vem com o tempo, liberdade vem devagar, liberdade é esforço. Não ser do tamanho de nossa prisão, mas ser do tamanho de nossa vontade."
— Fabrício Carpinejar.