sábado, 1 de março de 2014

Há dias difíceis, admito. Há dias em que chorar como uma criança indefesa é o auge da minha existência, pois a vontade de me esvair é grandiosa e única. Há dias nos quais tenho tantas coisas na cabeça que machucam o meu coração que as consequências podem ser vistas no meu corpo, refletidas em meu olhos e no semblante machucado que carrego atravessando comigo todas as horas de um dia inteiro. Eu não sei como reagir, não sei. Há momentos tão dolorosos e perdidos que me pergunto categoricamente “O que estou fazendo aqui?”, e não há resposta. Estou cansada. Estou morta. Estou enterrada no meu quintal sem flores nos cabelos ou caixão de madeira ou vestido bonito, sem condolências e “meus sentimentos”. Ninguém compareceu ao meu enterro. Eu sou um texto que ficou perdido no fundo última gaveta do armário e perdeu a cor e a textura, junto com todo o sentido que fazia. Há dias nos quais a vida é pouca, rala, fria. Como o café que esfriou, a comida que azedou, a boca que amargou depois de acordar. Há dias nos quais tudo o que desejo é um colo, mas a casa tá vazia e todo mundo já se cansou de parar pra me escutar. É assim que funciona, porque todos nós temos um tempo de ressuscitar e as pessoas tendem a achar que já ressuscitei. Mas eu ainda estou debaixo do chão, respirando a escuridão que encobriu meu corpo, regurgitando a terra e a falta de compaixão. E o meu próprio estômago e o meu próprio coração.


-Coligir

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