sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Não existe meio termo para aeroportos: ou são tristes demais, ou são felizes demais. Nunca é meio-feliz ou meio-triste. Aeroportos simbolizam a chegada do sorriso ou a partida dele, entende? Já vi muita gente sair por aquela porta de desembarque, cuspindo alegria e cheios de abraços confortantes, assim como já vi muita gente entrar pela mesma porta, carregados de lágrimas e saudade. Acho que ninguém nunca havia parado pra pensar em algo tão idiota, mas ontem, a caminho do aeroporto, eu parei. Era madrugada, mas o céu já estava sofrendo a sua metamorfose radiante, mudando do negro escuro pro laranja ácido. O voo estava marcado pras 6:15 da manhã. Seis hora e quinze minutos levariam um pedaço do meu coração. Nunca tinha odiado tanto um aeroporto quanto aquele instante. Nunca, em todas as histórias que já passei nesse lugar onde aviões decolam e aterrizam, me senti tão quebrada por dentro. É isso: aviões nunca descolam sem aterrizar, assim como não aterrizam sem uma hora decolar outra vez. Meu coração trincava a cada barulho de turbina que se ouvia naquele lugar. As lágrimas saltavam dos meus olhos a cada vez que os alto-falantes citavam que era a-ultima-chamada-pro-voo-5996, embarque imediato. Imediatamente o chão de abriu. Malas e mais malas eram depositadas naquela esteira infinita, enquanto tudo o que se ouvia era o eco corrosivo pelos corredores lotados. Tanta gente. Tantas famílias, histórias, pressa e calmaria em um mesmo tom. Pessoas ansiosas pra voltar pra casa; pessoas tristes ao sair dela. Pessoas se despedindo com data pra voltar; pessoas sem data pra voltar ao se despedir. Pessoas que vieram passar as férias na minha cidade; outras que cansaram de passar as férias aqui. Check-ins realizados, sonhos ainda inacabados, hora de partir. Aeroportos - lotados ou vazios - nunca são cem por cento tristes assim. Enquanto uma mãe chora porque a filha vai fazer faculdade em uma cidade distante, outra sorri porque o filho voltou da viajem de formatura. São em aeroportos que os abraços mais calosos são dados, assim como os beijos mais cheios de desejo. E tudo é cinza demais ou colorido demais. Eles podem levar o seu coração embora. Ou podem devolvê-lo a você.
— Capitule, aeroportos são o porto de alguém.

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