O amor acaba. Descobri isso há alguns meses e tive que aceitar – aos trancos e barrancos, mas tive que aceitar. De repente, a notícia que eu jamais pensava em dar, virou minha manchete diária. É difícil dar uma informação como essa, quando somos nós os personagens principais. Você fica se perguntando, se questionando, usando todos os porquês existentes, mas não consegue respostas imediatas. Na verdade, o que eu queria mesmo, na época, era que tudo fosse ficção e que, a qualquer momento, ouvisse aquele famoso “corta!!!”, usado para interromper uma cena.
Acontece que a vida real é diferente do telejornal que inventaram pra mim e que aceitei – por imaturidade – que fosse ao ar em horário nobre. Me expus baseado em ‘nadas`. Esqueci que na vida real não há cortes. O máximo que podemos conseguir é refazer a cena ou mudar o tom da notícia. O problema é que nem sempre dá certo. Comigo não deu. Errei o tempo, o texto e fui um péssimo diretor – ou melhor, acho que nem consegui ser diretor. No meu elenco tinha alguém de máscara e eu não consegui, por pura incompetência, fazer com que ela caísse a tempo.
No começo, por alguns dias, vivi a esperança de retornar àquele falso roteiro que me trazia falsa felicidade. Mas hoje sei que não é mais possível. O tal do “Felizes para sempre” não era para fazer parte daquela história, da minha história…
Mas eu acredito no amor. Acredito que ele pode acabar, sim; mas que existe, existe. No meu caso, o problema é que foi tudo rápido de mais: olhar, diálogo, convivência e amor aconteceram sem que eu soubesse o que viver primeiro. E fui levando assim mesmo, sem entender ….Eu não queria entender; não queria opiniões; não queria saber se iria durar. Eu só queria que durasse.
Não sei se é possível comparar amores. Não tenho referencial para isso. Não posso dizer que dessa vez amei mais que outras. Na minha vida, amor era palavra de rodapé. Nunca imaginei que assim, do nada, virasse meu enredo diário. Não me preparei, não me planejei para a queda, mas cai.
Lembro que quando tudo aconteceu foi difícil arrumar gavetas, acostumar com o silêncio do celular tocando sempre naquele mesmo horário, com a falta do aceno do tchau quando cada um seguia sua rotina, foi difícil até perceber o quanto é ‘difícil` esperar que a dor passe. Mas a verdade é que passa. Demora, lhe deixa exausto na sala de espera, mas passa. E aí o resto é com a gente. No meu caso, estou vivendo da dignidade que me sobrou ao abrir mão da emoção em nome da razão.
-Aurélio Carvalho
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