segunda-feira, 10 de junho de 2013

Eu também tenho medo. Pode parecer que não, mas é que aprendi ser assim. Criei uma personalidade capaz de enfrentar o mundo, que racionaliza com facilidade perante os absurdos da vida. Eu aprendi a enfrentar a dor. Mas te confesso, baby, foi a minha única saída. Caso contrário, tenho convicção, não estaria mais aqui. Me desculpa por ser tão frio, me desculpa por ser tão duro e ter a mania de dizer a verdade. Queria te pegar nos meus braços e falar que tudo não passa de um pesadelo inoportuno, chorar uma tarde inteira, recolher a tua dor trancafiando seu canto no horizonte de nossos olhos risonhos. Pode ser que eu tenha me organizado tanto, sentimentalmente falando, que minhas reações pareçam sair de uma caixa de seleções, mas eu lhe digo, baby, tudo não passa de tentativas de me manter em pé, é tão somente um esforço para avançar um único passo e seguir em frente. Eu também desmorono, meu interior é repleto de convicções traiçoeiras e inoperantes. Meu intelecto falha, me sinto em um labirinto emocional principalmente quando me deparo comigo mesmo diante do espelho, maldito espelho, que sempre me entrega a alma de mãos atadas. Eu queria poder lhe entregar o alívio, ser a tua rede a beira mar ao entardecer, te aconchegar e te fazer dormir. Eu sou teimoso, calculista, eu sempre digo às pessoas que não presto, sou muito triste e irremediavelmente cruel com quem mais me ama, porque quando se trata de evitar a dor sou egoísta, você sabe, meu livro atual de cabeceira é de Fernando Pessoa. De fato você mudou a minha vida e com delicadeza catou cada pedaço do meu coração. Eles se escondiam nas pontas dos dedos, você lembra? Você me provou que haveria uma chance de sermos felizes. O problema é que sou feito de velhas páginas, sou um livro velho pautado por velhas histórias, velhos sentimentos lotados de discórdia. Sou poeta do mar, minhas raízes acumulam outras vidas que marcaram a minha a ferro e fogo, são marcas que jamais poderão ser apagadas e que apesar de presas ao fundo do oceano um dia se desprendem e vem boiar na minha superfície, minha insanidade, minha doce e eterna amargura, minha completa inaptidão para amar. Eu te confesso mais uma vez, tenho amor à vida, já conheci a morte tão perto que aprendi a não me render tão facilmente frente a qualquer obstáculo. Meu problema são as pessoas. Eu sinto muito por tudo, por você, por mim, por esse meu jeito de ser. Sou imaculado, um ser sem extremidades, meus pensamentos são pássaros feridos, minha liberdade um alçapão pra tudo que não me é solto e revolto. Me despeço de ti, baby, sabendo que vou te deixar e que jamais me deixarás, vou em direção ao meu destino, minha saudosa solidão, minha paz, deixo contigo o melhor de mim, meu sorriso, minha esperança, minha fé, minha doce ilusão, mas esta na minha hora, tenho que partir. Adeus meu encanto.

Elisa Bartlett.

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