São duas da manhã, vinte e quatro horas atrás eu estava aqui, no mesmo lugar, pensando as mesmas coisas sobre a mesma pessoa e querendo saber porque é tão difícil materializar uma ideia. Mas não uma ideia simples, um querer imediato. Se parece mais com um sonho. O fato é que eu não me reconheço nessa situação, inativo, mudo, enfadado. Não que eu seja a pessoa mais expressiva, mas nunca tive dificuldade em transmitir um pensamento, uma vontade, ou seja o que for. Pelo menos não tanto quanto agora. Eu me transformei na sua sombra querendo ficar ao seu lado. A maioria das frases que rabisco durante o dia ficam pela metade, não há como colocar fim no que não sei quando começou. Se começou. Se ainda existe. Se vai durar tempo suficiente para querer que não acabe. Eu não sei mais trazer para mim o que eu era, o que eu fui ficou contigo, e o que eu sou já não importa. Porque minhas mãos já não escrevem o que eu sinto, vejo, falo ou ouço; escrevem a dúvida que o seu olhar gerou quando me viu e se afastou. E nem esse jogo pobre de palavras arrancaria de você um passo. Eu repito que existem por aí outras pessoas, que o “não” eu já tinha e que o “sim” era a minha briga. Mas como eu queria ouvir você me desmentir. Já se passou uma hora e eu continuo achando que nada disso faz o menor sentido. No entanto, qual a melhor forma de explicar o que havia, quando isto só existia para mim? Eu verbalizo o passado para lembrar de esquecê-lo, e o sono me convence que a sua lembrança é uma mancha. Mas de você não me arrependo. Me arrependo de ter sido eu quando você fingiu ser minha.
Mateus F.
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