quinta-feira, 16 de maio de 2013

"A gente não pretendia namorar até casar e nem estar casado até morrer. Na realidade, a gente não pretendia se conhecer e nem namorar. Era pra ser um “oi”, e depois era pra ser só um beijo, depois era só pra ficar e depois a gente perde todo o controle da situação, justamente porque acha que está no controle. Mas não havia planos para o futuro pelos mesmos motivos que não houveram planos pra que ficássemos juntos, tinha que acontecer. E mesmo que um trilhão de pessoas digam que não existe essa coisa toda de destino, mais um zilhão vai dizer que existe sim. Eu faço parte desse zilhão. Porque não era pra eu te conhecer no dia em que eu te conheci. Naquele dia não era pra eu ir ao mercado pra comprar uma lata de leite condensado pra afogar minhas mágoas, porque eu estava de dieta. Mas eu fui. E também não era pra chover do jeito que choveu assim que eu pisei no supermercado, mas choveu. E não era pra você me oferecer um guarda-chuva enquanto colocava minha compra na sacola, porque não era pra você estar trabalhando lá, já que você havia recebido uma proposta de emprego num lugar bem melhor fora da cidade, mas resolveu ficar para cuidar da sua mãe que tinha pego uma pneumonia. Então não era pra sua mãe ficar doente também. Não era pra eu ter aceitado sua gentileza, mas eu aceitei porque não queria molhar o meu cabelo todo cheio de química e escova. Mas eu aceitei. Porque não era pra eu ter nascido com o cabelo enrolado, mas maldito seja o meu DNA. E não era pra eu ter nascido também, porque minha mãe teve complicações no parto. E não era mas foi. Um monte de coisas não era pra ser mas aconteceu e um monte de coisas era pra ser e não deu certo e todos esses acontecimentos levaram a gente para situações diferentes que provavelmente não aconteceriam se não fossem destinadas para serem assim. Então isso pode ser loucura, a ciência pode tentar explicar de mil formas e a gente pode terminar nosso namoro amanhã, mas o destino existe. Porque as coisas podem ou não podem acontecer, mas se elas estão pré-destinadas a serem como tem de ser, então provavelmente não importa o meio e sim o fim, sendo assim, a gente poderia ter se conhecido lá na outra cidade no seu novo trabalho ou pertinho do mercado, no bar do lado, ou em qualquer lugar do mundo, porque independente disso acabaríamos ficando juntos. Não importa o modo como iria ser e sim o desfecho da situação, e se todas as opções levam ao mesmo acontecimento, então isso é destino. Por exemplo agora, não importa se você leu o texto até aqui ou se você parou depois da sétima linha porque deixou de fazer sentido, você já ouviu falar do que eu estou dizendo e isso é o destino. Você pode prolongar, adiar ou correr dele, mas se tem que acontecer, acontece.
- GABRIELA MACHADO.

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