sexta-feira, 24 de maio de 2013

“O calendário correu e só ali caiu a ficha dela. Ela não queria mais dar corda naquele relógio sem fim. Já vi gente chorando por ter sido esquecido e gente esquecendo e ter chorado. Mas nunca vi gente esquecendo de que chorar renova o esquecimento, ela era assim. Quem a vê, diz que vive sorrindo mas são todas cúmplices do mundo teatral dela. Ela tentou escrever sua peça para não viver a realidade que a entregaram. Bebeu para esquecer. Aquela ferida que antes tampava com maquiagem, estava agora exposta. Não engoliu choro algum. Parecia uma atriz, ainda em meio expediente, enquanto o público espera uma apresentação decente e ela não esperava o aplauso de ninguém.”

ANA LUÍZA BESSA

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