terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Talvez seja amanhã:

Nunca entendi por que ela calou a boca. Falava tanto, aquela menina. Tinha uma capacidade qualquer de expressar as coisas que eu sempre quis jogar no vento, mas nunca tive muita coragem. Possuía um estilo literário pobre, é verdade, mas me agradava até mesmo a sua pouca habilidade.
Num dia desses me perguntei o que fizeram com ela para que se tornasse tão soturna. Não dizia mais coisa alguma sobre o que havia por dentro, e passou a ser meio pobre por fora. Não sei, tive a impressão de que podaram qualquer coisa em sua alma.
Clécio disse que não, que ela apenas tinha se cansado e deixado para lá. Que não via mais propósito em ficar tentando escrever frases de impacto. Larissa disse que a culpa foi daqueles que achavam que tudo que ela rabiscava era verdade. “Foi falta de licença poética”, jurou olhando nos meus olhos certa vez.
Quanto ao que acho, não sei… Acho que foi um pouco de tudo isso. Mas também acho que qualquer dia desses ela vai se sentar e dar um banho de água fria na alma da gente. Deixa só ela pegar naquela caneta.

-Emi (iemai.com.br)

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