terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Pros meus olhos sensíveis, V., toda estrela é constelação e todo pingo é tempestade. Eu agito a percepção, eu amplifico os ouvidos e estico as mãos. Eu causo no caos alguma intervenção, interajo, interponho, intercepto. Gravo no pulso o ritmo de tudo o que me desperta, tudo o que me aperta e exige. Reclamo quando sou colocada contra a parede porque a minha inconstância vibra louca e quase explode, mas essa força é também a minha força, essa força que reclama para si toda a energia e pressão, essa força que se faz sentir. A minha arte é absurda, V., e isso não me é incômodo. A minha arte é um reflexo e eu exponho o corpo, a carne, os ossos, diante dos espelhos, das poças, das rachaduras. Das palavras. Eu não entendo de defesas porque sou um ataque, um surto, um grito incerto. Eu não entendo de defesas e a minha ofensiva é poesia.
Claudia Calado

Nenhum comentário:

Postar um comentário