quinta-feira, 31 de julho de 2014
quarta-feira, 30 de julho de 2014
terça-feira, 29 de julho de 2014
Esse é um texto sobre uma mulher que deixou de ser mulher só pra poder se tornar saudade… É pra dizer sobre o que a ciência não pode explicar, sobre esse aperto que me dá no lado do peito toda vez que lembro do seu nome. É sobre alguém que tinha tudo mas que deixou tudo escapar entre os dedos. Sobre não saber ter tão quanto jamais aprenderá a perder. Esse é um texto sobre arrependimento. Porque quando você estava aqui tudo se resumia em me esquivar de você, em te socar até de diminuir, em não ligar nem um pouco pra sua insignificante existência. Hoje eu admiraria até a dobra dos seus joelhos, a curva do seu sorriso, o barulho que seu vestido faz indo de encontro ao vento. Em dias de chuva minha insatisfação crônica assobia mais alto. Como eu poderia te ter sem ter te perdido antes? Mas como entender agora que quando se perde uma vez pode não se ter a chance de ganhar de novo? Esse é um texto sobre saudade.
— Bárbara Matoso
— Bárbara Matoso
Vai ver eu lia histórias demais. Porque vivia pensando em outras que não a minha. Lá pelas tantas da madrugada, quando não havia chance de ninguém ler meus rodeios pelo buraco dos olhos, eu imaginava por alguns minutos embaçados como seria ser outro alguém que não eu. Depois espantava esse nevoeiro todo com as mãos e cerrava os olhos num segundo, porque eu sempre fui feliz assim, lembrava. O silêncio e a escuridão reinavam mais uma vez entre as cobertas. Quando via, me sorria um outro amor que não o meu, e que certamente não existia, mas que cantarolava uma dessas bandinhas de garagem que ninguém escuta, mas que sempre embalaram o meu coração. E esse amor, que não era o meu na vida do lado de fora, também me escrevia poesia e fotografava rosas na minha vida do lado de dentro. Vai ver eu via fotografia demais. Porque nesses flashs corriqueiros tudo me sorria mais bonito, com cores mais intensas, como se fossem retratos feitos em um desses parques temáticos, onde o mundo parece outro até na cor do céu. Nesses flashs eu aparecia com outras roupas, que não as minhas, e com outros sonhos. Que talvez fossem meus, porém guardados do lado de dentro. Eu aparecia e nem tinha o mesmo nome, nem esse rosto assim tão frágil. Fechava os olhos para não me ver assim tão alguém que não eu e me beliscava a mão para manter os pés bem presos à cama e dentro das meias. Tudo bem. Eu continuava tendo o mesmo cheiro de shampoo de antes. Ainda vestia o mesmo pijama de poá. O meu amor ainda era o mesmo, que não sussurrava bandinhas bonitas e nem entoava poemas. Os meus vestidos floridos continuavam no armário. Vai ver eu pensava demais.
— rio-doce
segunda-feira, 28 de julho de 2014
eu tenho uma coisa estranha de não saber estar feliz direito. é meio desconfortável. mas eu ainda me sinto muito bem com tudo. com todas as coisas. desse jeito mesmo é bizarro. porque é como se o céu tivesse na minha mão e o inferno no peito. será que te incomoda também o amor? será que te dói nessa mesma proporção? você se sente incrível no fim do dia mas horrível entre o passar das horas entre hoje e amanhã. é aquele desespero típico, de quem tem fé em tudo mas desconfia de todas as coisas. é oco. é louco. é humano.
yas
yas
pelas avenidas
as pessoas sofrem;
elas sofrem a dormir, elas acordam
a sofrer;
até os edifícios sofrem,
as pontes
as flores sofrem
e não há salvação –
o sofrimento senta-se
o sofrimento paira
o sofrimento espera
o sofrimento é
não perguntem porque há
bêbados
drogados
suicidas
a música é má
e o amor
e o argumento:
agora este lugar
enquanto escrevo isto
ou enquanto lês isto:
agora é o teu lugar.
BUKOWSKI
as pessoas sofrem;
elas sofrem a dormir, elas acordam
a sofrer;
até os edifícios sofrem,
as pontes
as flores sofrem
e não há salvação –
o sofrimento senta-se
o sofrimento paira
o sofrimento espera
o sofrimento é
não perguntem porque há
bêbados
drogados
suicidas
a música é má
e o amor
e o argumento:
agora este lugar
enquanto escrevo isto
ou enquanto lês isto:
agora é o teu lugar.
BUKOWSKI
Acho que você tem medo de ser feliz, Emma. Parece que pensa que o caminho natural das coisas na sua vida é ser triste, sombria e macambúzia, e odiar seu emprego, odiar o lugar onde mora e não ter sucesso nem dinheiro, e Deus a livre de um namorado (e uma pequena digressão aqui: esse negócio de não se achar bonita está ficando chato, vou te dizer). Na verdade vou mais longe: acho que você gosta de se sentir frustrada e ter menos do que queria ter, porque isso é mais fácil, não é?
Livro: Um Dia.
Livro: Um Dia.
domingo, 20 de julho de 2014
"Sou partida em duas. Um lado contém minha exuberância, minha petulância, e etc. Meu outro lado costuma ficar à espreita para emboscar o outro, que é mais puro, mais profundo e melhor. Ninguém conhece esse meu lado melhor, e é por isso que muita gente não me suporta. Ah, eu posso ser uma palhaça, engraçada por uma tarde, mas depois disso todo mundo se enche de mim por um mês. Na verdade, sou aquilo que um filme romântico representa para um pensador profundo — uma simples diversão, um interlúdio cômico, algo a ser logo esquecido: que não é ruim, mas que particularmente não é nada bom. Odeio ter que dizer isso, mas meu lado mais leve, mais superficial, sempre vai tirar desvantagem do lado mais profundo, e com isso vencerá sempre. Ninguém pode imaginar quantas vezes eu já tentei empurrar para longe esse meu lado superficial, derrubá-la, escondê-la. Mas isso não funciona, e sei por quê. Tenho medo de que as pessoas que me conhecem descubram que tenho outro lado, um lado melhor e mais bonito. Tenho medo de zombarem de mim, de pensarem que sou ridícula e sentimental, e de não me levarem a sério. Estou acostumada a não ser levada a sério, mas somente o meu lado leve consegue lidar com isso; o meu lado mais profundo é fraco demais. Se eu forçar o meu lado bom e sensível a aparecer por 15 minutos, ela se fecha como um marisco no momento em que é chamada a falar, e deixa o meu lado numero um dizer o que eu sinto ou até mesmo um texto. E antes que eu perceba ela desapareceu. Assim, esse meu lado nunca é visto acompanhado. Ele nunca aparece, ainda que quase sempre assuma o palco quando estou sozinha. Sou exatamente como gostaria de ser, como sou… por dentro […] Sou guiada pelo meu lado puro, o de dentro, mas por fora sou apenas um animal preso, forçando a corda à qual está amarrado. […] Uma voz dentro de mim soluça: “Veja só, foi nisso que você se transformou. Está rodeada por opiniões negativas, olhos desanimados e rostos zombeteiros, pessoas que não gostam de você, e tudo porque não escuta o conselho da tua parte melhor.” Acredite, eu gostaria de escutar, mas não dá certo, porque, se eu ficar quieta e séria, todo mundo acha que estou representando outro papel e tenho de me salvar com uma piada; nem estou falando da minha família, que presume que estou doente, me enche de aspirina e sedativos, sente meu pescoço e minha testa para ver se estou com febre e me critica por estar mal humorada, até eu não aguentar mais, porque quando todo mundo começa a me chatear, fico irritada, e depois triste, a parte má do lado de fora e a boa do lado de dentro, e tento achar um modo de me transformar no que poderia ser e no que gostaria de ser se… se não houvesse mais ninguém no mundo.”
— Última vez que Anne Frank escreveu em seu diário.
— Última vez que Anne Frank escreveu em seu diário.
sábado, 19 de julho de 2014
dissimulada
Eu digo, menino, que não vou mais escrever sobre infinitos e sobre essa delícia absurda que é sentir, mas eu já sinto, ele já pulsa em minhas veias e borboletas bailam em meu estômago em um tom calmo, afável fazendo das minhas entranhas coletânea.
E ainda digo que não serei mais da graça fácil e gostosa, mas em imediato, eu contemplo sobre minha face as curvas das tuas mãos moldando meu sorriso - em mente - com teu; e isso, menino, me traduz que vale à pena todo sentir, todo infinito sacolejando em minhas artérias e colorindo meus olhos em cores de amar, em gosto de amor.
Carol Souza
E ainda digo que não serei mais da graça fácil e gostosa, mas em imediato, eu contemplo sobre minha face as curvas das tuas mãos moldando meu sorriso - em mente - com teu; e isso, menino, me traduz que vale à pena todo sentir, todo infinito sacolejando em minhas artérias e colorindo meus olhos em cores de amar, em gosto de amor.
Carol Souza
Mas onde já se ouviu falar num amor á distância,
Num teleamor ?
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois
Esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo no ar
No vento
No frio que agora faz…
Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
É teu calor animal.
Mario Quintana
Num teleamor ?
Num amor de longe…
Eu sonho é um amor pertinho…
E depois
Esse calor humano é uma coisa que todos - até os executivos têm
É algo que acaba se perdendo no ar
No vento
No frio que agora faz…
Escuta!
O que eu quero
O que eu amo
O que eu desejo em ti
É teu calor animal.
Mario Quintana
Mas
se em cada dia,
cada hora,
sentires que a mim estás destinado com implacável doçura,
se em cada dia levantares uma flor em teus lábios para me buscares,
oh meu amor, oh minha vida,
em mim todo esse fogo se reacenderá,
em mim nada se apaga ou se esquece,
meu amor se nutre do seu, amado,
e enquanto viveres
estará em teus braços
sem deixar os meus.
Pablo Neruda
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Eu devo reconhecer que ninguém me conhece. Não realmente. Os que mais sabem não sabem da metade. Não deixo todos os segredos escaparem de mim, não mesmo. Uma delicadeza com os outros, eu diria, pois não quero assustar as pessoas com meu passado. Em especial aquelas que continuaram gostando de mim após o pouco que souberam. Mesmo porque aquela, que fez aquilo, nao está mais aqui. Eu sou literalmente outra.
Fernanda Young
Fernanda Young
segunda-feira, 14 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
quinta-feira, 10 de julho de 2014
quarta-feira, 2 de julho de 2014
terça-feira, 1 de julho de 2014
Elogio das pessoas imperfeitas deste mundo
Acontece em todas as festas. Depois dos risos, dos perfumes recendendo, das chegadas pirotécnicas, dos abraços e dos beijos em boa dose, depois das fotografias e de todo o protocolo festivo, chega o instante estranho em que o volume da música diminui, os convivas populares desaparecem e ali permanecemos apenas nós, as pessoas imperfeitas deste mundo.
Agora somos nós e nossos defeitos. Nós e nossas faltas imperdoáveis, nossas incoerências, nossa incapacidade de adaptação, nossa incompetência para a perfeição que outros fazem parecer tão fácil. Nós e nosso talento para perder o trem. Aqui restamos nós e nossa companhia solitária. Nós e nossas misteriosas disposições pessoais para o erro. Nós, as pessoas imperfeitas deste mundo.
Em nossa imperfeição de quem sobra, é como se tivéssemos os cotovelos invertidos, iguais aos habitantes daquela antiga tribo imaginária narrada por um poeta, cujos cotovelos ficam do lado de dentro dos braços. Assim, incapazes de levar as mãos à própria boca, aprendemos a nos alimentar uns aos outros. Por isso somos os últimos a deixar a festa. Porque esbanjamos tempo uns com os outros. Nós, as pessoas imperfeitas deste mundo.
É, somos nós essa gente suspeita que caminha pelas ruas à noite, alimentando com a luz que vem das casas a nossa alma anoitecida. Nós que, reunidos ao final da festa, nos completamos na solidão silenciosa de mil canções tocando em sequência aqui dentro. Afinal, também sabem viver em grupo as pessoas imperfeitas deste mundo.
E quando a vida nos reserva uma comida boa, saborosa, caseira, tão caseira que é possível ouvir a voz da avó gritando ao fundo: “vem comer, cambada!”, é nas outras pessoas imperfeitas deste mundo que nós pensamos.
Nós, essa espécie que sempre avista o amor com assombro, que estremece e foge quando se sente ameaçada e que por isso é julgada covarde, cafajeste, bandida, egoísta, malandra. Nós, acusados ainda de autopiedade, aqui e ali escapulimos dos implacáveis bastiões da perfeição, tão dedicados a criar problemas desnecessários, tão empenhados em nos criticar com afinco, apontar nossos erros imperdoáveis, nos sentenciando e condenando ao fogo do inferno e à solidão do asilo. Quem sabe, assim, aprendemos com sua irretocável perfeição.
A nós, resta assistir a tudo calados. O que mais fazer? Somos só as pessoas imperfeitas deste mundo. E o mundo foi tomado pela casta grandiosa de super-heróis atacando os defeitos alheios para adiar eternamente o momento de olhar suas próprias desgraças.
Nossos silêncios transbordam, nossas querências borbulham, mas não pronunciamos palavra em defesa direta que os desminta. Para quê? Seremos sempre, sempre as pessoas imperfeitas deste mundo.
(Revista Bula, André J. Gomes)
Agora somos nós e nossos defeitos. Nós e nossas faltas imperdoáveis, nossas incoerências, nossa incapacidade de adaptação, nossa incompetência para a perfeição que outros fazem parecer tão fácil. Nós e nosso talento para perder o trem. Aqui restamos nós e nossa companhia solitária. Nós e nossas misteriosas disposições pessoais para o erro. Nós, as pessoas imperfeitas deste mundo.
Em nossa imperfeição de quem sobra, é como se tivéssemos os cotovelos invertidos, iguais aos habitantes daquela antiga tribo imaginária narrada por um poeta, cujos cotovelos ficam do lado de dentro dos braços. Assim, incapazes de levar as mãos à própria boca, aprendemos a nos alimentar uns aos outros. Por isso somos os últimos a deixar a festa. Porque esbanjamos tempo uns com os outros. Nós, as pessoas imperfeitas deste mundo.
É, somos nós essa gente suspeita que caminha pelas ruas à noite, alimentando com a luz que vem das casas a nossa alma anoitecida. Nós que, reunidos ao final da festa, nos completamos na solidão silenciosa de mil canções tocando em sequência aqui dentro. Afinal, também sabem viver em grupo as pessoas imperfeitas deste mundo.
E quando a vida nos reserva uma comida boa, saborosa, caseira, tão caseira que é possível ouvir a voz da avó gritando ao fundo: “vem comer, cambada!”, é nas outras pessoas imperfeitas deste mundo que nós pensamos.
Nós, essa espécie que sempre avista o amor com assombro, que estremece e foge quando se sente ameaçada e que por isso é julgada covarde, cafajeste, bandida, egoísta, malandra. Nós, acusados ainda de autopiedade, aqui e ali escapulimos dos implacáveis bastiões da perfeição, tão dedicados a criar problemas desnecessários, tão empenhados em nos criticar com afinco, apontar nossos erros imperdoáveis, nos sentenciando e condenando ao fogo do inferno e à solidão do asilo. Quem sabe, assim, aprendemos com sua irretocável perfeição.
A nós, resta assistir a tudo calados. O que mais fazer? Somos só as pessoas imperfeitas deste mundo. E o mundo foi tomado pela casta grandiosa de super-heróis atacando os defeitos alheios para adiar eternamente o momento de olhar suas próprias desgraças.
Nossos silêncios transbordam, nossas querências borbulham, mas não pronunciamos palavra em defesa direta que os desminta. Para quê? Seremos sempre, sempre as pessoas imperfeitas deste mundo.
(Revista Bula, André J. Gomes)
E não me perguntem nada e não me peçam nada e não falem comigo e não me procurem também. Silêncio é tudo o que eu quero, é tudo que pretendo ser, estou eliminando os meios, vão me procurar e não me acharão, ninguém, nem os amigos, os risos, nem o amor. Eu já estava longe, para mais longe eu vou. “Ante surpresa tão rude nem sei como pude chegar ao portão” Bethânia cantarola no rádio e eu me deixo acabar entre as verdades tristonhas e mentiras risonhas que contarei para mim. E eu vou escrever uns versos, vou recitar uns credos, vou dizer credo para tudo, porque, agora, só o silêncio me basta. E não me perguntem nada e não me peçam nada e não falem comigo e não me procurem também. E não procurem nada também, porque o silêncio irá engolir tudo. Me deixem só.
— H.Conrado
— H.Conrado
Há palavras presas em mim. Não as deixo sair por medo. Medo de vê-las pairando pelo ar sem ter onde pousar, medo de se tornarem tão banais ao ponto de não despertarem mais sentimento algum a quem decifrá-las, medo de perde-las para alguém que não as dê o devido valor. Sinto que aqui comigo elas estão protegidas, a ponto de romper, é claro, mas acredito que assim o estrago será menor.
— Lisos Abraços
— Lisos Abraços
Não tente me mudar, foi o tempo que me fez assim, e mesmo que insistas em tentar essa proeza, não vai conseguir. Se por acaso ou destino me amar mesmo assim, pode vir. Mas não tente me mudar, não posso e nem quero ser uma personagem inventada, sou como uma obra de arte esculpida pelo tempo. Olhe nos meus olhos, decifra o meu silêncio, pule no meu abismo sem fim. E depois me conhecendo do jeito que sou, talvez até goste. Existem alguns loucos que são apaixonados pelo caos.
— Alma nua e crua… M.Lavynia.
— Alma nua e crua… M.Lavynia.
Porque, se você acha que o que eu escrevo é o vômito da minha alma, engano seu. Essa é a parte bonita, é a parte poética. Pudera eu te mostrar o implícito. Você pediria perdão. Você choraria, sufocaria, gritaria, agonizaria e, por fim, se arrependeria. Porque eu preciso de alguém, eu sempre precisei de alguém. Você alguém, tu alguém, usted alguém, you alguém, vosmecê alguém, vossa senhoria alguém. Eu sempre precisei de você. E, se tivesse a chance de tirar medidas do quanto precisei de “alguém”, você retribuiria até as poucas coisas que não fiz, porque pra fazê-las precisaria entrar na sua vida e atrapalhar mais uma vez. Se você soubesse o quanto eu só queria conversar, botar pra fora, te deixar a par das coisas que a vida joga em cima de mim como se minha coluna fosse de ferro.
— Gabriela Spier
— Gabriela Spier
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