segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Não nos permitimos. Ficamos presos, encapsulados dentro de nós mesmos, insensíveis ao nosso passado, atacados pelos nossos medos, apenas dois seres cansado, jogados de lado. De todo lado. Não nos permitimos. Permanecemos presos por paredes criadas num momento de desespero, perpetuando nossas fraquezas, deixando de brincar com nossos defeitos, remoendo possíveis segredos numa expectativa enorme, numa distância pouca, numa ânsia louca, numa procura desesperada de um beijo que não acontece, de um abraço que nunca se deu, de um sorriso que existiu por pouco tempo. Não nos permitimos. Sonhamos uma vida colorida. Resistimos. Adoecemos nossas almas, tínhamos os sorrisos amarelados. Tudo tingimos de tons acinzentados. Assistimos exaustos ao mesmo espetáculo, nos entorpecemos de viver pouco a vida, deixamos na poeira dois corações murchos, devastados pela existência e saciados dela. Ainda não enxugamos nossos olhos e o suplício persiste em fazer morada. Nestes corpos sedentos de amor, porém, fartos do martírio de viver… Não nos permitimos. Nos perdemos em crateras, transformamos tudo em dor, deixamos nascer uma triste primavera, de onde brotou uma rosa inócua, inodora, insípida e incolor. Não nos permitimos. Por que?

Cinzentos

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