quarta-feira, 12 de setembro de 2012

“Mas aí as coisas mudam. Coisas vem e vão a todo tempo. Hoje você lembra da sua infância, lá da quinta série do fundamental; das aulas de religião que você matava para ficar na cantina da escola e isso já te faz falta, daí você vai pensar que poderia ter feito mais.
Aos dezesseis o que sempre toma conta da gente são os medos e os planos; aos vinte você vai lembrar das noites em que você ficou em casa, porque estava deprimida por seu namoradinho ter falado que não te queria mais. Talvez você lembre daquela menina do segundo ano que você desistiu de convidar para ir ao cinema, vocês poderiam estar juntos até hoje. Vai lembrar das vezes que brigou com a sua mãe por bobagem. Sabe aquele cara idiota que você mandou embora da sua vida? Talvez você sinta falta dele agora.
Aos trinta você vai se lamentar por não ter ido aquela viagem da turma da faculdade por causa daquela prova lá. Vai imaginar como seria se ao invés de Direito, você tivesse feito História; afinal você gostava tanto. (…) Daí você lembra de quando tinha cinco anos e sentia frio, e sua mãe te cobria, te abraçava e te cuidava. Ah, e aquele garoto que você magoou, se você tivesse engolido o seu orgulho e tivesse pedido desculpa, hoje você poderiam ser amigos e nessas noites em que o arrependimento tomasse conta, você poderia ligar para ele.
E quando a vida te jogar na cara o quê você perdeu, você vai recordar de tudo que deixou de fazer; de tudo que deixou a vida levar de ti. Vai lembrar de como era bom morar com os teus pais. Mas agora, aos quarenta, só vai restar a você lembrar e imaginar como teria sido. Só que aí já não da mais pra mudar.
E aí, meu amigo, só te resta lamentar-se pelos inúmeros ‘talvez’ que você tem hoje. Lamentar-se por todos ‘podia-ter-sido-diferente’ que vêm em sua mente. Lamentar-se porque o tempo, meu caro, escoa pelos nossos dedos. E o tempo perdido em vão, esse nunca voltou.”
— E o tempo perdido, meu caro, esse nunca voltou. Resquício

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