quarta-feira, 30 de janeiro de 2013


Te esperei. Não por quinze ou vinte minutinhos, na verdade por oito anos. Oito míseros anos nos quais sentia tua falta a cada batucada constante do relógio. Oito anos correndo para atender cada campainha tocada e perdendo a cada dia um bocado de esperança. E todas as noites antes de dormir respirei fundo uma ou duas vezes, dava pra sentir aquele resíduo do teu perfume no ar, no lençol, na minha pele. Fui escrever um dia desses um daqueles poemas que te deixava na porta da geladeira ou em cima da mesa; mas desisti. Não teria um alguém para ler depois, nem para sorrir para a minha caligrafia abstrata, só desisti. As coisas parecem mais fáceis assim, as vezes.
Mas, sabe Beijamin, todo esse tempo que nos separa não serviu para me curar. Porque no final de tudo, eu sempre voltei pra você. Não ouse retrucar, tirar sarro ou algo do tipo; porque você sabe que é a mais pura das verdades. Nunca nos resistimos, sempre fomos fracos. Dois corações de manteiga. Éramos amantes castos, fieis a um romance que nunca deixou de existir. Minta o quanto conseguir, invente desculpas como sempre fizeste, mas no fim do dia, antes de dormir, é o meu rosto que te vem á mente. E você sorri. Negue. Sei que negará, até mesmo eu neguei no início. Mas sorri também.

Voltei á cafeteria onde nos conhecemos hoje á tarde. Ela ainda tá na mesma rua, e ainda tem o mesmo cheiro de café com doce de leite que sempre teve. Lembro-me do tempo em que íamos ali todo fim de tarde, sentávamos num banquinho só, lá no fundo e bem isolado, onde ninguém mais queria ficar. E fazíamos aquele pedacinho de nada parecer um paraíso nosso. Sempre preferimos as coisas mais simples.
Me responda. Não lhe peço nem ordeno, apenas imploro de forma orgulhosa, qualidade ou defeito meu que nunca larguei. Vou a clareira novamente, me sinto com dezenove anos outra vez. Depois vou para casa. E por favor, esteja lá quando eu chegar.

- Apareça para mim, por favor. Caroline Moraes

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