quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Certa vez me disseram que eu era boa demais para você. Colocaram meu amor a leilão e apostaram que logo apareceria alguém melhor. Um cara que realmente se importasse ao invés de alguém que fica semanas sem telefonar e manda uma mensagem no meio da madrugada, dias depois do último encontro, dizendo que está com saudade. Como se essa palavra fosse a senha do meu coração. Disseram que eu deveria conhecer pessoas novas. Entrar num curso de gastronomia, viajar para Europa nas férias ou ocupar os meus domingos com idas ao parque. Nunca fiz nada disso, pois tive certeza que jamais de encontraria nesses lugares. Passei pelo caminho mais longo só para talvez te ver casualmente saindo da faculdade, fui todas as sextas do último mês naquela balada que nos conhecemos e aos domingos, escrevi e apaguei mensagens que nunca foram enviadas ao som daquela música. Você nem deve saber o nome da nossa música.
Eu sei que o problema não é comigo. É você e esse medo de se prender a alguém e gostar da sensação. Prefere continuar caindo ao invés de descobrir se o paraquedas funciona. Queria que soubesse, mas queria que soubesse antes que seja tarde, nem todo mundo é como o seu pai. Os fantasmas mais assustadores são àqueles que nós mesmos criamos. Já te disse, e repito, sua vida não deve ser uma consequência dos erros que ele cometeu quando você ainda nem podia sentar no banco da frente do carro. A única herança que é sua por direito, além desses lindos olhos azuis, que às vezes me parecem verdes, é o lugar onde você e sua irmã vivem. Agora está escuro lá. Talvez frio. Mas logo vocês descobrem como se liga a luz.
Fico pensando, ninguém te conhece de verdade. Se você os desse essa oportunidade. Certamente, veriam o que eu vejo. Sentiram o que eu sinto. Eles acham que é só mais um caso perdido e vai acabar como todos os outros garotos. Enxergando o mundo na mesma perspectiva até o último dia. Esse não é o seu final. De longe, percebi dia desses enquanto pegava o metrô, todo mundo é só um ponto solitário. Ao seu lado, no entanto, somos dois. Quem sabe, um dia, três. O mistério das reticências combinam com a gente.
Sinto falta das nossas conversas sobre o que já não falo com ninguém. Dos seus desabafos bem no meio da melhor parte do filme. Parece bobagem, mas era bom ter um espaço no sofá da sua sala. Um dia fomos grandes amigos. Os conselhos que deu já me levaram para diferentes lugares. Até que seu ombro passou a ser meu travesseiro mais macio. Eu me apaixonei perdidamente por aquele cara que sabia sempre o que dizer. O problema é que deixamos o amor nascer em um labirinto e agora, nossa antiga amizade, não consegue encontrar a saída. Os sinalizadores estão queimando tudo o que sobrou e você continua olhando para o outro lado.
Essa é a última vez. Antes de me despedir e apertar o botão sem volta, que leva estas palavras até você, aviso. Eu não quero te consertar. Nunca quis. Quero é provar que podemos ser exatamente assim, cheios de defeitos e sem nenhuma garantia. Invisíveis para o resto mundo, mas o suficiente um para o outro.
-Bruna Vieira.
Eu sei que o problema não é comigo. É você e esse medo de se prender a alguém e gostar da sensação. Prefere continuar caindo ao invés de descobrir se o paraquedas funciona. Queria que soubesse, mas queria que soubesse antes que seja tarde, nem todo mundo é como o seu pai. Os fantasmas mais assustadores são àqueles que nós mesmos criamos. Já te disse, e repito, sua vida não deve ser uma consequência dos erros que ele cometeu quando você ainda nem podia sentar no banco da frente do carro. A única herança que é sua por direito, além desses lindos olhos azuis, que às vezes me parecem verdes, é o lugar onde você e sua irmã vivem. Agora está escuro lá. Talvez frio. Mas logo vocês descobrem como se liga a luz.
Fico pensando, ninguém te conhece de verdade. Se você os desse essa oportunidade. Certamente, veriam o que eu vejo. Sentiram o que eu sinto. Eles acham que é só mais um caso perdido e vai acabar como todos os outros garotos. Enxergando o mundo na mesma perspectiva até o último dia. Esse não é o seu final. De longe, percebi dia desses enquanto pegava o metrô, todo mundo é só um ponto solitário. Ao seu lado, no entanto, somos dois. Quem sabe, um dia, três. O mistério das reticências combinam com a gente.
Sinto falta das nossas conversas sobre o que já não falo com ninguém. Dos seus desabafos bem no meio da melhor parte do filme. Parece bobagem, mas era bom ter um espaço no sofá da sua sala. Um dia fomos grandes amigos. Os conselhos que deu já me levaram para diferentes lugares. Até que seu ombro passou a ser meu travesseiro mais macio. Eu me apaixonei perdidamente por aquele cara que sabia sempre o que dizer. O problema é que deixamos o amor nascer em um labirinto e agora, nossa antiga amizade, não consegue encontrar a saída. Os sinalizadores estão queimando tudo o que sobrou e você continua olhando para o outro lado.
Essa é a última vez. Antes de me despedir e apertar o botão sem volta, que leva estas palavras até você, aviso. Eu não quero te consertar. Nunca quis. Quero é provar que podemos ser exatamente assim, cheios de defeitos e sem nenhuma garantia. Invisíveis para o resto mundo, mas o suficiente um para o outro.
-Bruna Vieira.
Te esperei. Não por quinze ou vinte minutinhos, na verdade por oito anos. Oito míseros anos nos quais sentia tua falta a cada batucada constante do relógio. Oito anos correndo para atender cada campainha tocada e perdendo a cada dia um bocado de esperança. E todas as noites antes de dormir respirei fundo uma ou duas vezes, dava pra sentir aquele resíduo do teu perfume no ar, no lençol, na minha pele. Fui escrever um dia desses um daqueles poemas que te deixava na porta da geladeira ou em cima da mesa; mas desisti. Não teria um alguém para ler depois, nem para sorrir para a minha caligrafia abstrata, só desisti. As coisas parecem mais fáceis assim, as vezes.
Mas, sabe Beijamin, todo esse tempo que nos separa não serviu para me curar. Porque no final de tudo, eu sempre voltei pra você. Não ouse retrucar, tirar sarro ou algo do tipo; porque você sabe que é a mais pura das verdades. Nunca nos resistimos, sempre fomos fracos. Dois corações de manteiga. Éramos amantes castos, fieis a um romance que nunca deixou de existir. Minta o quanto conseguir, invente desculpas como sempre fizeste, mas no fim do dia, antes de dormir, é o meu rosto que te vem á mente. E você sorri. Negue. Sei que negará, até mesmo eu neguei no início. Mas sorri também.
Voltei á cafeteria onde nos conhecemos hoje á tarde. Ela ainda tá na mesma rua, e ainda tem o mesmo cheiro de café com doce de leite que sempre teve. Lembro-me do tempo em que íamos ali todo fim de tarde, sentávamos num banquinho só, lá no fundo e bem isolado, onde ninguém mais queria ficar. E fazíamos aquele pedacinho de nada parecer um paraíso nosso. Sempre preferimos as coisas mais simples.
Me responda. Não lhe peço nem ordeno, apenas imploro de forma orgulhosa, qualidade ou defeito meu que nunca larguei. Vou a clareira novamente, me sinto com dezenove anos outra vez. Depois vou para casa. E por favor, esteja lá quando eu chegar.
- Apareça para mim, por favor. Caroline Moraes
“É a mulher quem morre na espera de uma sms e ressuscita assim que ela chega. É a mulher que aperta o pé pra caber no sapato, a barriga pra caber no vestido, a bunda pra caber na calça. É a mulher quem sofre na hora de perder a virgindade e quando vai dar a luz. É ela quem enfrenta sete dias de menstruação, sendo a maioria acompanhados de cólica. É no peito dela que os bebês ganham o primeiro alimento. É a mulher que trabalha varrendo as ruas, limpando a casa dos outros, dirigindo caminhão, à frente de uma grande empresa ou cuidando da própria casa, sempre com o cabelo penteado, as unhas bem feitas e muito bem maquiada. É a mulher que cria as piores brigas do relacionamento, mas é a que na maioria das vezes dá um jeito de consertá-las. É ela que sempre tem uma solução pra um batom borrado, um machucado ou um coração quebrado. É ela quem tem as melhores histórias e as teorias sobre “de onde vem os bebês” e “o que é sexo”. É o beijo dela que faz milagre nos filhos e no marido. É o cheiro dela que fica impregnado na memória e na camisa. É a mulher que anda num salto 15 e ainda rebola, faz charme e se bobear até samba. É ela que nua sabe fazer filho mas também faz arte. É a mulher que aguenta as pontas quando as crianças tão mal. É a mulher que sabe dar o nó na gravata, que sabe adoçar o café e tem a mão boa pra cozinhar. É ela que é uma fera na cama e na rua é uma dama. É a mulher que sorri com os olhos e engana com a boca, que controla a situação e que salva a sua vida ou a destrói. E ainda sai de fininho porque ela é o sexo frágil.”
Gabriela Machado.
“Carta de despedida, 27 de janeiro de 2009.
Queria começar escrevendo essa carta com a caligrafia mais esplendida e maravilhosa que existe. Uma letra fininha, leve e arrebitada. Mas não é possível, já que eu sou canhota e mão pesada. Repleta de letras gordas e grandes. Então, não repare na minha forma de escrever, somente leia atenciosamente cada palavra, e não se esqueça das minhas mil e uma entrelinhas. Vi isso em filmes, e achei que poderia dar certo. Achei que quando você lesse esta carta, provavelmente amenizaria a dor ou por alguns segundos, fizesse você sorrir. É triste, não é? Eu era a brincalhona da turma, desde sempre. Os professores não gostavam muito das minhas piadas nas horas indevidas, ainda mais quando eram durante as provas. Eu costumava sentir prazer em fazer qualquer outra pessoa sorrir, porque é gostoso ver alguém feliz. Uma gargalhada, uma risadinha, sempre foi música para meus ouvidos. A sua então, era canto dos anjos. Daqui pra frente, talvez você ache que irá sorrir menos, mas não permito isso. Abra um sorriso e mostre-o, deixe que todos vejam esses seus dentinhos brancos feito gesso. Eu sinto muito se fiz algumas coisas que te machucaram, como da vez em que lhe fiz ciúmes com um velho amigo de infância. Desculpe também por ter me visto obrigada a ficar sem cabelos, já que você amava-os. Me desculpe se eu não fui uma boa companhia durante esse tempo em que você precisou acompanhar cada passo da doença. E me desculpe se no início desse ano, eu não lhe presenteei da maneira como você gostaria. Provavelmente quando você estiver lendo essas palavras, eu já não vou estar mais aqui. Então, peço que faça do meu funeral uma festa, e não uma despedida cheia de lágrimas e tristezas. Compre minha cerveja predileta e não deixe de fora a tequila. Por favor, ligue para aquela lanchonete e peça os salgados de lá, pois são os melhores. E espalhe por aí a frente, a minha felicidade. De verdade, eu não queria ir embora. Mas aprendi a lidar com a minha falta de escolha. Infelizmente, às vezes, temos de deixar para trás pessoas que nós amamos. E isso inclui você, meus pais e o Miau. Você sempre achou o nome “Miau”, a maior ironia Já que ele é um cachorro, e não um gato. Cuide dele para mim, meu querido. Não deixe ele comer o assoalho e deixe-o longe da sua gaveta de cuecas, ele adora mastigar roupas íntimas. Arranje uma namorada para ele também, ele adora patinhos de pelúcia, mas dessa vez, compre em tamanho gigante, pois ele já cansou do pequeno. Sobre as minhas roupas, doe todas elas. Menos os sapatos, esses você pode dar à minha irmã, ela saberá o que fazer. Enquanto a você, peço que permita se apaixonar novamente. É sério! Abra seu coração, não se feche para o mundo só porque a sua ex, resolveu morrer. Mas por favor, nada de ficar com algumas daquelas suas amigas, elas não prestam. Arranje uma garota que te faça sorrir mais do que eu, alguma garota menos desleixada, e de preferência loura, pois sei que você sempre teve um abismo por elas. Arrume um amor que te liberte e não te sufoque, uma garota que não seja tão baixa e que tenha um sorriso quase tão belo quanto o seu. Arrume alguém que não se pareça comigo, e sim, que seja melhor. Pois quem sabe de alguma forma, ela chegará aos pés do tão grande homem que deixei para ela. E ah, caso você se apaixone mesmo, lembre a ela que em algum lugar, eu estarei vigiando-a. E caso ela parta seu coração, voltarei só para puxar seus pés. Enfim, meu herói.. Peço que se cuide, que não deixe nunca de escovar os dentes e que por favor, não se lamente todos os dias por eu estar morta. Deixo de herança para você, toda a minha felicidade, as minhas piadas de mau gosto, os meus brincos favoritos, minhas ironias e todo o meu ciúme. Em algum lugar do mundo, estarei cuidando para que você não seja infeliz e que não beba tanto. Lembre-se, amanhã de manhã eu ainda te amarei mais do que hoje. E não me esqueça. Não precisa aparecer no cemitério em todos os meus aniversários e nem precisa deixar flores sobre o túmulo. Eu não quero isso. Só lembre-se de quem eu fui em sua vida, das coisas que compartilhamos e dos truques sobre como as garota deixam os seios maiores. Use-os e abuse das memórias que te deixei, mas não se lamente. Pois não há nada que não foi dito ou feito. Acorde amanhã, ciente de que morri feliz, já que tinha você ao meu lado. E por fim, adeus, meu amor.
P.s: Não deixe sua toalha molhada em cima da cama.”
Queria começar escrevendo essa carta com a caligrafia mais esplendida e maravilhosa que existe. Uma letra fininha, leve e arrebitada. Mas não é possível, já que eu sou canhota e mão pesada. Repleta de letras gordas e grandes. Então, não repare na minha forma de escrever, somente leia atenciosamente cada palavra, e não se esqueça das minhas mil e uma entrelinhas. Vi isso em filmes, e achei que poderia dar certo. Achei que quando você lesse esta carta, provavelmente amenizaria a dor ou por alguns segundos, fizesse você sorrir. É triste, não é? Eu era a brincalhona da turma, desde sempre. Os professores não gostavam muito das minhas piadas nas horas indevidas, ainda mais quando eram durante as provas. Eu costumava sentir prazer em fazer qualquer outra pessoa sorrir, porque é gostoso ver alguém feliz. Uma gargalhada, uma risadinha, sempre foi música para meus ouvidos. A sua então, era canto dos anjos. Daqui pra frente, talvez você ache que irá sorrir menos, mas não permito isso. Abra um sorriso e mostre-o, deixe que todos vejam esses seus dentinhos brancos feito gesso. Eu sinto muito se fiz algumas coisas que te machucaram, como da vez em que lhe fiz ciúmes com um velho amigo de infância. Desculpe também por ter me visto obrigada a ficar sem cabelos, já que você amava-os. Me desculpe se eu não fui uma boa companhia durante esse tempo em que você precisou acompanhar cada passo da doença. E me desculpe se no início desse ano, eu não lhe presenteei da maneira como você gostaria. Provavelmente quando você estiver lendo essas palavras, eu já não vou estar mais aqui. Então, peço que faça do meu funeral uma festa, e não uma despedida cheia de lágrimas e tristezas. Compre minha cerveja predileta e não deixe de fora a tequila. Por favor, ligue para aquela lanchonete e peça os salgados de lá, pois são os melhores. E espalhe por aí a frente, a minha felicidade. De verdade, eu não queria ir embora. Mas aprendi a lidar com a minha falta de escolha. Infelizmente, às vezes, temos de deixar para trás pessoas que nós amamos. E isso inclui você, meus pais e o Miau. Você sempre achou o nome “Miau”, a maior ironia Já que ele é um cachorro, e não um gato. Cuide dele para mim, meu querido. Não deixe ele comer o assoalho e deixe-o longe da sua gaveta de cuecas, ele adora mastigar roupas íntimas. Arranje uma namorada para ele também, ele adora patinhos de pelúcia, mas dessa vez, compre em tamanho gigante, pois ele já cansou do pequeno. Sobre as minhas roupas, doe todas elas. Menos os sapatos, esses você pode dar à minha irmã, ela saberá o que fazer. Enquanto a você, peço que permita se apaixonar novamente. É sério! Abra seu coração, não se feche para o mundo só porque a sua ex, resolveu morrer. Mas por favor, nada de ficar com algumas daquelas suas amigas, elas não prestam. Arranje uma garota que te faça sorrir mais do que eu, alguma garota menos desleixada, e de preferência loura, pois sei que você sempre teve um abismo por elas. Arrume um amor que te liberte e não te sufoque, uma garota que não seja tão baixa e que tenha um sorriso quase tão belo quanto o seu. Arrume alguém que não se pareça comigo, e sim, que seja melhor. Pois quem sabe de alguma forma, ela chegará aos pés do tão grande homem que deixei para ela. E ah, caso você se apaixone mesmo, lembre a ela que em algum lugar, eu estarei vigiando-a. E caso ela parta seu coração, voltarei só para puxar seus pés. Enfim, meu herói.. Peço que se cuide, que não deixe nunca de escovar os dentes e que por favor, não se lamente todos os dias por eu estar morta. Deixo de herança para você, toda a minha felicidade, as minhas piadas de mau gosto, os meus brincos favoritos, minhas ironias e todo o meu ciúme. Em algum lugar do mundo, estarei cuidando para que você não seja infeliz e que não beba tanto. Lembre-se, amanhã de manhã eu ainda te amarei mais do que hoje. E não me esqueça. Não precisa aparecer no cemitério em todos os meus aniversários e nem precisa deixar flores sobre o túmulo. Eu não quero isso. Só lembre-se de quem eu fui em sua vida, das coisas que compartilhamos e dos truques sobre como as garota deixam os seios maiores. Use-os e abuse das memórias que te deixei, mas não se lamente. Pois não há nada que não foi dito ou feito. Acorde amanhã, ciente de que morri feliz, já que tinha você ao meu lado. E por fim, adeus, meu amor.
P.s: Não deixe sua toalha molhada em cima da cama.”
"Há alguma coisa em mim que não consigo controlar. Nunca dirijo meu carro por cima de uma ponte sem pensar em suicídio. Quero dizer, não fico pensando nisso. Mas passa pela minha cabeça: SUICÍDIO. Como uma luz que pisca. No escuro. Alguma coisa que faz você continuar. Saca? De outra forma, seria apenas loucura. E não é engraçado, colega. E cada vez que escrevo um bom poema, é mais uma muleta que me fazer seguir em frente. Não sei quanto às outras pessoas, mas quando me abaixo para colocar os sapatos de manhã, penso, Deus Todo-Poderoso, o que mais agora? A vida me fode, não nos damos bem. Tenho que comê-la pelas beiradas, não tudo de uma vez só. É como engolir baldes de merda. Não me surpreende que os hospícios e as cadeias estejam cheios e que as ruas estejam cheias. Gosto de olhar os meus gatos. Eles me acalmam Eles me fazem sentir bem. Mas não me coloque em uma sala cheia de humanos. Nunca faça isso comigo. Especialmente numa festa. Não faça isso.”
Charles Bukowski.
❝Ela tem disso de guardar pra sentir sozinha, e não se aguentar. Eu queria mesmo é que ela pulasse na minha frente e tirasse tudo de vez – a roupa e as barreiras. Pra ser só minha. Ela tem disso de medir demais as coisas. Eu sou um buraco negro, se a gente parar pra pensar. E ela tem medo. Medo de medir. Medo de pedir. De tentar dessa vez, e cair pra dentro de mim de vez. Se perder. Se encontrar alguma coisa que gostar e decidir ficar. A testa franzida não engana o receio. Eu não vou embora, morena. Dá pra confiar dessa vez, e das outras.
— Daniel Bovolento, ensaio sobre ela.
— Daniel Bovolento, ensaio sobre ela.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
segunda-feira, 28 de janeiro de 2013
"A morte, por si só, é uma piada pronta.
Morrer é ridículo.
Você combinou de jantar com a namorada,
está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem,
precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no
carro e no meio da tarde morre. Como assim?
E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?
Não sei de onde tiraram esta idéia:
MORRER!!!
A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio
estudando fórmulas químicas que não serviriam pra nada, mas se manteve
lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física,
quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para
estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer
da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora
de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente…
De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway,
numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis.
Qual é?
Morrer é um chiste.
Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém,
sem ter dançado com a garota mais linda,
sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida.
Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e
penduradas também algumas contas.
Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas,
a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira.
Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.
Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce,
caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina,
começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer.
Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte
costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.
Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o
sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não
acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase
nada guardado nas gavetas.
Ok, hora de descansar em paz.
Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão,
desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero.
E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da Vida… Perdoe… Sempre!!!”
Adiar…Adiar…Adiar…será Sempre o melhor dos caminhos?"
-Pedro Bial.
Ninguém sente a minha enxaqueca, minhas trocas de humor, minhas cólicas menstruais, ninguém paga as minhas contas, pensa o que eu penso, toma as decisões que preciso tomar. Por tudo isso, eu digo, se eu tenho que mostrar alguma coisa é pra mim. E por pensar dessa forma, sempre busquei me superar. Muitas vezes eu converso comigo mesma e digo força-força-força. Mas eu entendo que preciso me permitir sentir toda a fraqueza, vez ou outra.
Clarissa Corrêa.
"Fala pra ele
Que ele é um sonho bom
Que mudou o tom
Da tua vida
Comprida
Fala pra ele
Do disco do tom jobim
Do seu apelido e de mim
E chora
Ah, dindi
Se tu soubesses como machuca
Não amaria mais ninguém
Fala pra ele
Que a vida é um balão
Pra cuidar do seu coração
E chora..."
Cícero, pelo interfone.
domingo, 27 de janeiro de 2013
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
quinta-feira, 24 de janeiro de 2013
Não sei como alguém consegue fechar a janela sem observar os tons do céu. Eu adoro quando é fim de tarde e as nuvens ficam meio rosadas, acho lindo. Me dá uma paz grande, daquelas que chegam metendo o pé na porta do coração, sem bater nem nada. A paz chega e se instala como se fosse de casa há tempos. É aí que eu vejo claramente: tem gente que desaprendeu a enxergar.
— Clarissa Correa.
Tenho andado distraído, impaciente e indeciso. E ainda estou confuso, só que agora é diferente. Sou tão tranquilo e tão contente. Quantas chances desperdicei, quando o que eu mais queria era provar para todo o mundo que eu não precisava provar nada para ninguém? Me fiz em mil pedaços para você juntar, e queria sempre achar explicação pro que eu sentia. Como um anjo caído, fiz questão de esquecer que mentir para si mesmo, é sempre a pior mentira. Mas não sou mais tão criança a ponto de saber tudo, já não me preocupo se eu não sei por que. Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê. E eu sei que você sabe, quase sem querer, que eu vejo o mesmo que você. Sei que, às vezes, uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas? Me disseram que você estava chorando, e foi então que eu percebi como lhe quero tanto. Já não me preocupo se eu não sei por quê. Às vezes, o que eu vejo, quase ninguém vê. E eu sei que você sabe, quase sem querer, que eu quero o mesmo que você.
— Legião Urbana.
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