quinta-feira, 2 de julho de 2015
"Os mortos são fáceis de encontrar – estão por toda a parte à nossa volta; a dificuldade está em achar os que estão vivos. Repare na primeira pessoa com quem cruzar na calçada lá fora – os olhos já não guardam qualquer cor; o modo de caminhar é brutal, desajeitado, feio; mesmo os cabelos parecem brotar de maneira doentia. Há ainda outros tantos sinais de morte: um deles é uma sensação de radiação, os mortos emitem verdadeiros raios, o fedor de suas almas que podem arruinar o nosso apetite para o almoço caso o contato dure muito tempo."
Charles Bukowski.
Charles Bukowski.
quarta-feira, 1 de julho de 2015
“Não sou mulher de rosas. Já disse de saída, no primeiro encontro, nem recordo a razão. Mas disse, naquele meu velho estilo metralhador de moços com olhos de promessa. Sei que disse, com meus reflexos ariscos de cão sem dono sempre buscando receosa a moeda de troca para qualquer elogio, a vigésima quarta intenção por trás de um rosto abandonado. Eu não queria ser mais uma na sua cama, por isso disse não gostar de rosas, tampouco das vermelhas, pra me afastar da obviedade do amor. Não sabia como, mas queria que você me notasse diferente de todas as outras.”
Gabito Nunes.
Gabito Nunes.
❝Eu nunca fiz senão sonhar. Tem sido esse, e esse apenas, o sentido da minha vida. Nunca tive outra preocupação verdadeira senão a minha vida interior. As maiores dores da minha vida esbatem-se-me quando, abrindo a janela para dentro de mim pude esquecer-me na visão do seu movimento.
Fernando Pessoa.
Fernando Pessoa.
❝Os rostos mudaram com o tempo,
alguns são quase irreconhecíveis a meia distância.
Os jeitos mudaram e aderiram a moda. O que era não é.
O que se preserva do todo?
O que se mantem normal ou igual
se a cada segundo entramos em conflito.
o clima grita à pele que se adapta
o olho que se adapta a falta de luz
com o tempo…
Até o coração
se acostuma
com a saudade.
Alexandre Lima
alguns são quase irreconhecíveis a meia distância.
Os jeitos mudaram e aderiram a moda. O que era não é.
O que se preserva do todo?
O que se mantem normal ou igual
se a cada segundo entramos em conflito.
o clima grita à pele que se adapta
o olho que se adapta a falta de luz
com o tempo…
Até o coração
se acostuma
com a saudade.
Alexandre Lima
Se é para morrer
quero morrer muitas vezes,
mais do que as que soube ter vivido
e fui eterno sem o saber.
Se é para morrer
morrerei tantas vezes
que entre corpo e tempo
minha alma perderá caminho.
E morrerei
de tudo, em cada instante.
Morrerei até ser árvore,
renascendo em estação
para além do tempo, para além da luz.
Se é para morrer
que seja como o amor:
tanto e sempre
que não será derradeira a última vez.
Mia Couto
quero morrer muitas vezes,
mais do que as que soube ter vivido
e fui eterno sem o saber.
Se é para morrer
morrerei tantas vezes
que entre corpo e tempo
minha alma perderá caminho.
E morrerei
de tudo, em cada instante.
Morrerei até ser árvore,
renascendo em estação
para além do tempo, para além da luz.
Se é para morrer
que seja como o amor:
tanto e sempre
que não será derradeira a última vez.
Mia Couto
❝Que minh’alma tenha sempre esperança
Porque quando se é criança
Daqui pra lua é um piscar.
Que em mim não falte sabedoria
Porque mesmo diante da covardia
O mundo não interrompe o seu girar.
Que meu eu seja repleto de bondade
Porque pra tanta crueldade
Aqui na Terra não há mais lugar.
Que meus olhos transpareçam ternura
Porque o remédio da amargura
É saber como os outros tratar.
Que eu não me esqueça da coragem
Porque aquilo que pra eles é miragem
Pra mim um dia há de chegar.
Que eu trate como companheira a felicidade
Porque a nossa maior maldade
É de sorrisos nos privar.
Que em tudo eu tenha emoção
Porque a vida é uma canção
Que só o coração sabe cantar.
Azul Ciano em “Faça um pedido"
Porque quando se é criança
Daqui pra lua é um piscar.
Que em mim não falte sabedoria
Porque mesmo diante da covardia
O mundo não interrompe o seu girar.
Que meu eu seja repleto de bondade
Porque pra tanta crueldade
Aqui na Terra não há mais lugar.
Que meus olhos transpareçam ternura
Porque o remédio da amargura
É saber como os outros tratar.
Que eu não me esqueça da coragem
Porque aquilo que pra eles é miragem
Pra mim um dia há de chegar.
Que eu trate como companheira a felicidade
Porque a nossa maior maldade
É de sorrisos nos privar.
Que em tudo eu tenha emoção
Porque a vida é uma canção
Que só o coração sabe cantar.
Azul Ciano em “Faça um pedido"
eu encho o copo pra beber tudo num gole só. tudo gira, inclusive você. tento te abraçar, mas você me parece distante demais. intocável. quando foi que chegou aqui? por que diabos entrou no meu coração tão fácil e agora não quer sair? o dono desse bar te conhece sem nem te ver. passo a noite toda aqui falando de você. ele insiste pra eu parar, diz que eu vou morrer. ele pediu pra tu vir aqui? ele contou pra você? ei, não vai embora, te pago uma bebida. vai ser tão bom pra mim… e pra você? senta aqui vai, deixa eu te olhar e me perder. no fim da noite mal vou aguentar andar, mas juro não esquecer seu nome.
porque heróis também sofrem por amor
(balburdiei)
porque heróis também sofrem por amor
(balburdiei)
you’ll never know, dear, how much I love you
você é a gravidade que me prende ao chão e a leveza que me faz alcançar a mais alta nuvem. és meu caos e calmaria, tempestade e bonança. início e meio, mas nunca um fim. sou grata ao Ser soberano, pai de todas as existências, por tê-lo, tão belo e raro, habitando meu peito. velejamos às correntezas do tempo, resistimos aos impactos internos de nossos planetas e ainda assim, continuamos a nos colidir e refletir o mais puro amor na imensidão do céu. eu te amo com todo pulsar do universo transbordando em meu coração e te amo em cada centímetro de mim.
em meio à tantas guerras, fomos presenteados pela dádiva de sermos um só. existo em você tanto quanto você existe tão pura e completamente em mim. lhe entrego em mãos todos os meus anseios e me rendo aos teus encantos, te permitindo navegar até minhas águas mais profundas. eu não tenho medo do mundo, quando posso encará-lo dos teus braços. e já não me importam os terremotos, se você sempre será o solo onde fincarei os meus pés.
meu amor é transcrito nessas linhas, mas carrega uma vastidão que escapa de mim e transcende horizontes. você é a luz que invade meus breus e clareia os caminhos. não há escuridão em tua presença. és meu próprio sol em vida. tua existência me acende e faz-me mais viva do que eu jamais fui, mas o medo de te ver escorrer por entre os dedos ainda me abriga. mon petit, será que a eternidade é o suficiente pra nós? temo que nosso infinito azul não caiba na perpetuidade dos tempos. mas nas estradas turvas por onde vão meus passos, eu te encontro em cada beco. todos os meus pontos cardeais possuem teu nome. só sei seguir na tua direção.
eu me perco na volúpia de imaginar tua textura, gosto e cheiro. e viajo nas lembranças de cada fronteira do teu corpo que eu ainda não cruzei. sinto-me emaranhar nas entrelinhas do teu sorriso, que meus olhos ainda não fotografaram, mas que já contemplo com toda graciosidade nos meus mais lindos sonhos.
Moreno, me toque como a tua canção favorita e poetiza-me em teus traços. eu te amo como quem quer gritar seus sentimentos pro mundo, mas silencia porque o mundo não está preparado pra tanto amor. você é brisa que afaga meus cabelos pr'eu dormir em paz.
“you are my sunshine, my only sunshine
you make me happy when skies are grey.”
(balburdiei tumblr)
em meio à tantas guerras, fomos presenteados pela dádiva de sermos um só. existo em você tanto quanto você existe tão pura e completamente em mim. lhe entrego em mãos todos os meus anseios e me rendo aos teus encantos, te permitindo navegar até minhas águas mais profundas. eu não tenho medo do mundo, quando posso encará-lo dos teus braços. e já não me importam os terremotos, se você sempre será o solo onde fincarei os meus pés.
meu amor é transcrito nessas linhas, mas carrega uma vastidão que escapa de mim e transcende horizontes. você é a luz que invade meus breus e clareia os caminhos. não há escuridão em tua presença. és meu próprio sol em vida. tua existência me acende e faz-me mais viva do que eu jamais fui, mas o medo de te ver escorrer por entre os dedos ainda me abriga. mon petit, será que a eternidade é o suficiente pra nós? temo que nosso infinito azul não caiba na perpetuidade dos tempos. mas nas estradas turvas por onde vão meus passos, eu te encontro em cada beco. todos os meus pontos cardeais possuem teu nome. só sei seguir na tua direção.
eu me perco na volúpia de imaginar tua textura, gosto e cheiro. e viajo nas lembranças de cada fronteira do teu corpo que eu ainda não cruzei. sinto-me emaranhar nas entrelinhas do teu sorriso, que meus olhos ainda não fotografaram, mas que já contemplo com toda graciosidade nos meus mais lindos sonhos.
Moreno, me toque como a tua canção favorita e poetiza-me em teus traços. eu te amo como quem quer gritar seus sentimentos pro mundo, mas silencia porque o mundo não está preparado pra tanto amor. você é brisa que afaga meus cabelos pr'eu dormir em paz.
“you are my sunshine, my only sunshine
you make me happy when skies are grey.”
(balburdiei tumblr)
Eu ainda não aprendi a jogar o jogo, a dizer a palavra certa e ver as portas se abrirem, ainda não aprendi a combinar jeans com um casaco cáqui, ainda não aprendi a sorrir e acenar, a falar devagar, a comer e mastigar, a caminhar sem pensar, eu sou o esquisito que caminha contando os dedos, que aperta o passo, que aperta mãos estranhas e se refugia em si, que montou morada na entrada da sua casa e te espera sair de manhã, eu sou quem omite o dano, que sempre quis aprender piano e ama o som do banjo, eu sou o último rebento do discurso monótono do meu vô sobre a sua viagem aos estados unidos, eu sou o sábado sem sair da cama, eu sou a noite que alguém bebeu demais e jurou amor eterno, o dia que você achou o disco de um cara colombiano por dois reais num sebo antigo, eu sou o último livro que apóia a pilha toda, eu sou o último a ir embora e o único que não entende a piada, eu sou quem passa horas em frente ao espelho treinando discursos que nunca terei coragem de fazer, eu sou quem come o último brigadeiro, quem se despede sem beijo e sempre assiste o outro ir embora, mas fica.
Jorge de Castro
Jorge de Castro
velha amiga,
conversávamos sobre saudade. E de repente me apercebi de que não tenho saudade de nada. Isso independente de qualquer recordação de felicidade ou de tristeza, de tempo mais feliz, menos feliz. Saudade de nada. Nem da infância querida, nem sequer das borboletas azuis, Casimiro.
Nem mesmo de quem morreu. De quem morreu sinto é falta, o prejuízo da perda, a ausência. A vontade da presença, mas não no passado, e sim presença atual.
Saudade será isso? Queria tê-los aqui, agora. Voltar atrás? Acho que não, nem com eles.
A vida é uma coisa que tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta. Uma dívida que se vai pagando todos os meses, todos os dias. Parece loucura lamentar o tempo em que se devia muito mais.
Rachel de Queiroz
Nem mesmo de quem morreu. De quem morreu sinto é falta, o prejuízo da perda, a ausência. A vontade da presença, mas não no passado, e sim presença atual.
Saudade será isso? Queria tê-los aqui, agora. Voltar atrás? Acho que não, nem com eles.
A vida é uma coisa que tem de passar, uma obrigação de que é preciso dar conta. Uma dívida que se vai pagando todos os meses, todos os dias. Parece loucura lamentar o tempo em que se devia muito mais.
Rachel de Queiroz
Que todo esse medo descabido
não me consumisse ou inflasse
e que nua e descalça pudesse me esconder
nas dobras mais íntimas do teu coração -
aqui
mal respiro
o mundo me esmaga
as costelas e o sonho
a memória, o som, o poema.
E eu sei que o escuro
é mesmo um suave escuro
se sobre minha pele percorrem
somente os dedos de tua mão.
Claudia
não me consumisse ou inflasse
e que nua e descalça pudesse me esconder
nas dobras mais íntimas do teu coração -
aqui
mal respiro
o mundo me esmaga
as costelas e o sonho
a memória, o som, o poema.
E eu sei que o escuro
é mesmo um suave escuro
se sobre minha pele percorrem
somente os dedos de tua mão.
Claudia
ATO I
A certeza que podemos mudar o mundo
É preciso esmiuçar e ir fundo
Criaturas e criadores
Tirar do lixo flores
Reciclar a vida, dar um passo
Rever atos e sentimentos
Adubar o asfalto da mente
Abrir frestas no coração
De cima território vazio e demente
De perto anjos, jardins, imensidão.
ATO II
Universo na casca de noz
Trama da vida e os seus nós
A multidão se debatendo em uma lágrima
Que é chuva que lava o leito dos olhos e abre caminho face adentro
Vida adentro, selva adentro
Porque é no âmago que se vive de verdade.
Elisa Bartlett e J. Victor Fernandes em “Atos Inconscientes”.
A certeza que podemos mudar o mundo
É preciso esmiuçar e ir fundo
Criaturas e criadores
Tirar do lixo flores
Reciclar a vida, dar um passo
Rever atos e sentimentos
Adubar o asfalto da mente
Abrir frestas no coração
De cima território vazio e demente
De perto anjos, jardins, imensidão.
ATO II
Universo na casca de noz
Trama da vida e os seus nós
A multidão se debatendo em uma lágrima
Que é chuva que lava o leito dos olhos e abre caminho face adentro
Vida adentro, selva adentro
Porque é no âmago que se vive de verdade.
Elisa Bartlett e J. Victor Fernandes em “Atos Inconscientes”.
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