domingo, 3 de novembro de 2013

Diria que as estrelas brilham mesmo depois de mortas, perdidas na imensidão do universo, a essência da luz que elas criaram em vida sustentando a eternidade. Diria, também, que a grama guarda detalhes inigualáveis, histórias indecentes, gargalhadas inocentes. Cada grão é um mundo e habitamos vários, cada olhar desconfiado é um sol que se põe e cada sorriso é um amanhecer. Mesclo detalhes naturais em seres vivos porque as coisas, por si só, tem me tocado e desfeito.

Queria ligar com as mãos trêmulas, segurar o telefone como quem segura o último resquício de vida, e falar, falar tantas coisas, grandiosas, pequeninas, detalhes insignificantes de quem desaprendeu a sentir. Isso é mórbido como um suicídio, bem sei. Eu só queria encontrar um número na agenda capaz de me atender melancólica e insana para compartilhar silêncios. Juro que qualquer arfar me bastaria, um único suspiro do outro lado da linha seria capaz de devolver o que perco quando o Sol se põe. Mas não há número disponível, minha companhia é a caixa postal que ninguém ouve.

Só queria dizer que vivo esperas. Um momento de êxtase, um afago para relembrar mordendo os lábios antes de adormecer e pensar sim, sim, a vida tem jeito sim. Espero e espero, sem cessar, com urgência. Ah, perdoa, acho que perdi o jeito nessa vida de sentir. Vivi tantas esperas que acabei por tornar-me uma.

Eu só queria ser estrela.

Gabriela Santarosa.

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