Charles Bukowski.
terça-feira, 22 de abril de 2014
Não conseguia entender o que tinha acontecido com a minha vida. Tinha perdido a elegância. Tinha perdido a mundanidade. Tinha perdido a concha protetora. Tinha perdido o senso de humor diante dos problemas alheios. Queria tudo de volta. Queria que as coisas corressem mansas pra mim. De algum jeito, eu sabia que isso não ia mais acontecer, pelo menos não tão logo. Eu estava fadado a me sentir culpado e desprotegido.
segunda-feira, 21 de abril de 2014
domingo, 20 de abril de 2014
sexta-feira, 18 de abril de 2014
❝Minha querida,
Encontre o que você ama e deixá-lo matá-lo.
Deixe escorrer-lhe em você todo. Deixe-o se agarram em suas costas e sobrecarregá-lo em eventual nulidade.
Deixe-o matá-lo e deixá-lo devorar seus restos mortais.
Para todas as coisas que vai matá-lo, tanto lentamente e rapidamente, mas é muito melhor do que ser morto por um amante.❞
-Bukowski.
Encontre o que você ama e deixá-lo matá-lo.
Deixe escorrer-lhe em você todo. Deixe-o se agarram em suas costas e sobrecarregá-lo em eventual nulidade.
Deixe-o matá-lo e deixá-lo devorar seus restos mortais.
Para todas as coisas que vai matá-lo, tanto lentamente e rapidamente, mas é muito melhor do que ser morto por um amante.❞
-Bukowski.
terça-feira, 15 de abril de 2014
domingo, 13 de abril de 2014
Te levarei ao inferno
para te dar um beijo ardente
E meus braços queimarão
Ao agarrarem teu corpo em brasa
Quero te ter louca, cálida,densa, inconsequente
Pra viver contigo um romance tórrido eternamente
E exorcisar de mim este sentimento que me abrasa
Te levarei ao inferno
Pra que tu sejas meu paraiso
Te levarei ao inferno para te dar um beijo ardente
Augusto Branco
para te dar um beijo ardente
E meus braços queimarão
Ao agarrarem teu corpo em brasa
Quero te ter louca, cálida,densa, inconsequente
Pra viver contigo um romance tórrido eternamente
E exorcisar de mim este sentimento que me abrasa
Te levarei ao inferno
Pra que tu sejas meu paraiso
Te levarei ao inferno para te dar um beijo ardente
Augusto Branco
A Escapada
escapar de uma viúva negra
é um milagre tão grande quanto a própria arte.
que rede ela pode tecer
enquanto o arrasta vagarosamente em sua direção
ela irá abraçá-lo
depois, quando estiver satisfeita,
ela o matará
ainda no mesmo abraço
e lhe sugará todo o sangue.
escapei de minha viúva negra
porque ela possuía machos demais
em sua rede
e enquanto ela abraçava um deles
e depois o outro e então ainda
outro
me libertei
retornei
ao lugar onde estava anteriormente.
ela sentirá minha falta -
não de meu amor
mas do gosto do meu sangue,
mas ela é boa, ela encontrará outro
sangue;
ela é tão boa que quase sinto falta de minha morte,
mas não o suficiente;
escapei. eu vejo as outras
teias.
é um milagre tão grande quanto a própria arte.
que rede ela pode tecer
enquanto o arrasta vagarosamente em sua direção
ela irá abraçá-lo
depois, quando estiver satisfeita,
ela o matará
ainda no mesmo abraço
e lhe sugará todo o sangue.
escapei de minha viúva negra
porque ela possuía machos demais
em sua rede
e enquanto ela abraçava um deles
e depois o outro e então ainda
outro
me libertei
retornei
ao lugar onde estava anteriormente.
ela sentirá minha falta -
não de meu amor
mas do gosto do meu sangue,
mas ela é boa, ela encontrará outro
sangue;
ela é tão boa que quase sinto falta de minha morte,
mas não o suficiente;
escapei. eu vejo as outras
teias.
Charles Bukowski
quinta-feira, 10 de abril de 2014
Sequestro.
E depois de não ter mais lágrimas a serem caídas, os dias se seguem com uma angústia torturante da qual já deveria ter me acostumado. E de repente eu me vejo retirando os velhos sonhos, as velhas vontades e esperanças que me restaram, de dentro do baú que guardo a mil chaves aqui dentro. E tento sair da solidão. Vou aumentando as doses de esperanças diárias de que as coisas ainda tem chance de dar certo e que não sou um erro por completo. E quando chego no ápice de meus desejos, quando chego no clímax do meu pequeno momento livre, daquilo que me acompanha diariamente, sinto-me como se ainda nunca tivesse visto a realidade. Sinto-me como alguém que sabe sonhar novamente, como se estivesse voando no meu próprio céu fantasioso. E no âmago de tudo, aquilo que sempre fujo aparece e me busca como se fosse um demônio afugentando uma criança e a levando para o seu covil. E volto a chorar. Volto a me prender em mim mesma. Volto às minhas realidades e impossibilidades. Volto e dou de cara com meu erros e defeitos refletidos no espelho. Volto para aquilo que tirou minha felicidade ilusória. Volto para o meu pequeno monstro de estimação. Não há formas de fugir da solidão enquanto aonde você for ela te acompanha, não como uma sombra, mas como parte de você. Não se deve fugir dela, e sim, saber conviver com a tal.
"Pega a solidão e dança".
O problema é que não ensinam isso para nós nas escolas... E se tivessem ensinado, nessa matéria eu tiraria zero.
[T.S.]
"Pega a solidão e dança".
O problema é que não ensinam isso para nós nas escolas... E se tivessem ensinado, nessa matéria eu tiraria zero.
[T.S.]
terça-feira, 8 de abril de 2014
Dentro, a vida sobrevive ao fogo e é demolida por lobos que assustam criancinhas. Alguns pés correm do perigo e alguns ficam, porque não têm pra onde ir. Quantos deles estão apenas acuados esperando a dor partir? Quantos deles têm as costas nas paredes geladas cheirando a mofo e a lágrimas esquecidas?
Dentro, as ondas vêm e lambem os prédios junto consigo. A maré alta traz metros de solidão e me tira os abrigos que construí desde que me entendo, desde que me lembro.
Dentro, está em ruínas.
Fora, um sorriso.
-coligir
Dentro, as ondas vêm e lambem os prédios junto consigo. A maré alta traz metros de solidão e me tira os abrigos que construí desde que me entendo, desde que me lembro.
Dentro, está em ruínas.
Fora, um sorriso.
-coligir
quinta-feira, 3 de abril de 2014
Carta para alguém que espera
Hoje voltou o frio. Veio como havia muito não vinha. Gelou o ar, esfriou o sofá da sala, resgatou meias, casacos e dores do fundo de uma gaveta que emperra como não quisesse abrir. Chegou sabe-se lá de onde, do pacífico, dos polos congelados, do sul do país. Não importa. Aqui faz frio.
Em seu sopro fresco e úmido, esse frio há de aquecer os ímpetos de alguém. Há de animar as almas boas que se reúnem no calor de suas mesas, em volta de suas histórias contadas na fumaça perfumada das panelas bafejando decência. A mim, o frio me reencontra desprevenido e ridículo. Como visita inesperada, entra pelas frestas das horas suspensas e me congela a alma. Vem com o medo da solidão e da dor, com a frieza do dia a dia que me atropela em seus afazeres obrigatórios, com a incerteza de meus caminhos e a angústia que os corta na chuva fina.
Mas o frio também traz uma alegria mansa e um sentimento tímido, frágil, de que alguém em algum lugar deste mundo treme as mesmas dúvidas que eu. Nos quatro cômodos da casa fechada, o vento penetra impertinente e me sopra sons e cheiros de algum lugar onde alguém, como eu, também espera.
Abro a janela, a brisa cruel me bate na cara e me enche de esperança: alguém por aí me aguarda no frio da chuva, me imagina nas horas vazias. E essa presença é tão certa que me dá vontade de lhe escrever uma carta, um bilhete, um alô ou qualquer sinal que dê a esse alguém a impressão de que eu também espero. Um pedido para que não desista, porque mais dia menos dia nos encontramos. Enquanto isso, o vento frio nos mantém juntos.
Em minha carta, conto das tantas vezes em que ganhei o mundo buscando quem me espera. Refaço rotas, retomo caminhos, relembro instantes exatos em que me perguntei “então é você?” Em cada encontro, há sempre uma certeza calorosa. É você. Depois nos separamos sem mais, como que amarrados a dois caminhões que se cruzam e depois viajam em direções opostas. O frio volta a ventar suas questões. E não era mais você.
Escrevo como louco o que me nasce na cabeça, cresce no coração e parte pelos dedos. E envio as cartas pelo vento, dizendo baixinho cada palavra na fresta da janela. Quem sabe alguém ouça. Quem sabe seja você. E você vai notar que ali, escondido entre vírgulas e adjetivos, há um sujeito que sofre porque tem medo e tem amor. Alguém que se viciou em saudade e solidão. Que chora olhando o céu e assiste quieto à dança de suas lembranças quando o vento canta, anunciando o outono que chega e derruba as folhas, e desperta uma vontade dolorida de sabe-se lá o quê.
Quem sabe alguém leia. Quem sabe seja você. Quem sabe também me mande uma cartinha e me salve o dia. Afinal, é para isso mesmo que servem os seres humanos, não é? Para se salvarem uns aos outros. De si mesmos. Do frio que está fazendo hoje. Das paredes geladas de uma casa nos primeiros dias do outono.
André J. Gomes (Colunista, Revista Bula)
Em seu sopro fresco e úmido, esse frio há de aquecer os ímpetos de alguém. Há de animar as almas boas que se reúnem no calor de suas mesas, em volta de suas histórias contadas na fumaça perfumada das panelas bafejando decência. A mim, o frio me reencontra desprevenido e ridículo. Como visita inesperada, entra pelas frestas das horas suspensas e me congela a alma. Vem com o medo da solidão e da dor, com a frieza do dia a dia que me atropela em seus afazeres obrigatórios, com a incerteza de meus caminhos e a angústia que os corta na chuva fina.
Mas o frio também traz uma alegria mansa e um sentimento tímido, frágil, de que alguém em algum lugar deste mundo treme as mesmas dúvidas que eu. Nos quatro cômodos da casa fechada, o vento penetra impertinente e me sopra sons e cheiros de algum lugar onde alguém, como eu, também espera.
Abro a janela, a brisa cruel me bate na cara e me enche de esperança: alguém por aí me aguarda no frio da chuva, me imagina nas horas vazias. E essa presença é tão certa que me dá vontade de lhe escrever uma carta, um bilhete, um alô ou qualquer sinal que dê a esse alguém a impressão de que eu também espero. Um pedido para que não desista, porque mais dia menos dia nos encontramos. Enquanto isso, o vento frio nos mantém juntos.
Em minha carta, conto das tantas vezes em que ganhei o mundo buscando quem me espera. Refaço rotas, retomo caminhos, relembro instantes exatos em que me perguntei “então é você?” Em cada encontro, há sempre uma certeza calorosa. É você. Depois nos separamos sem mais, como que amarrados a dois caminhões que se cruzam e depois viajam em direções opostas. O frio volta a ventar suas questões. E não era mais você.
Escrevo como louco o que me nasce na cabeça, cresce no coração e parte pelos dedos. E envio as cartas pelo vento, dizendo baixinho cada palavra na fresta da janela. Quem sabe alguém ouça. Quem sabe seja você. E você vai notar que ali, escondido entre vírgulas e adjetivos, há um sujeito que sofre porque tem medo e tem amor. Alguém que se viciou em saudade e solidão. Que chora olhando o céu e assiste quieto à dança de suas lembranças quando o vento canta, anunciando o outono que chega e derruba as folhas, e desperta uma vontade dolorida de sabe-se lá o quê.
Quem sabe alguém leia. Quem sabe seja você. Quem sabe também me mande uma cartinha e me salve o dia. Afinal, é para isso mesmo que servem os seres humanos, não é? Para se salvarem uns aos outros. De si mesmos. Do frio que está fazendo hoje. Das paredes geladas de uma casa nos primeiros dias do outono.
André J. Gomes (Colunista, Revista Bula)
A Rua dos Cataventos
Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mario Quintana
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
Mario Quintana
Era bom ter pra onde ir quando as coisas ficavam pretas. Me lembrei de outros tempos, quando as coisas ficavam pretas e eu não tinha pra onde ir. Talvez até tenha sido bom pra mim. Mas já passou. Agora não queria saber do que eu estava sentindo; queria parar de me sentir mal quando as coisas davam errado. Como ficar bem de novo?
Charles Bukowski
Charles Bukowski
Assinar:
Postagens (Atom)