Já passava da meia-noite e a única fonte de luz no ambiente provinha de um monitor ligado. Não tinha sossego, não tinha calmaria, cada movimento era faminto e voraz. Ela era como o demônio tentando possuir minh’alma, e eu podia ver sangue no seu olhar. O quarto era inundado pelo cheiro dos nossos desejos mais insanos, que uniam-se ao suor salgado que escorria do nosso corpo. Ela, cada vez mais dona de si, cada vez mais dona de mim. Entre tropeçantes respirações e com as unhas cravadas no meu colo, suas pálpebras luziam e seus movimentos transportavam-me para dentro dela. Éramos dois perdidos em busca um do outro, mas, ao mesmo tempo, queríamos a nós mesmos. E dançávamos conforme regíamos nosso concerto e confesso que nunca vi tamanha maestria compassada e harmonia, éramos a perfeição do caos e o caos pertencia-nos.
Eu tinha a inocência das galáxias e ela o esplendor do pôr-do-sol quando encontra com o mar no fim de uma tarde de verão. Desenhávamos nossos quadris no orvalho sereno que molhava o nosso colchão; e, assim, éramos lua, éramos sol, somos céu.
-Ofegar
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