“diário de uma epilética: ontem eu chorei durante horas até pegar no sono. chorei. e chorei muito. chorei porque estava triste. chorei porque me sentia sozinha. chorei porque me sentia pesada. chorei porque me senti desnecessária. ontem chorei durante horas. eu não era nada então chorei. chorei sem parar pra entupir o nariz. chorei baixinho pra não acordar ninguém. chorei. chorei. chorei. e doía o corpo todo chorar e senti frio, calor. eu senti ódio e amor. eu senti o peso do mundo e todo o seu horror. eu só sabia chorar. chorar e chorar e chorar. tudo era tão triste tão triste tão triste. então eu chorei. e hoje, quando acordei, tava tudo bem. tudo muito bem. eu era outra, completamente nova e não cabia chorar porque a dor ainda tá aqui, mas a coragem também está. eu sei doer muito e eu sei suportar muito também. (sei suportar muito tão bem)”
moscou, 1821
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