A poesia está por trás das palpebras que escondem teus castanhos e percorrem todos os teus traços faciais. Não era necessário parar para ficar te observando, os minutos correntes já descrevia-te bem, mesmo assim eu parava, só por precaução, sabe-se lá quando eu os teria novamente, e tão facilmente tuas pupilas eram dilatadas e ao mesmo tempo pareciam luzir para mim.
Teus olhos por trás devem ter o mesmo brilho, eu até tentei encontrá-los, mas perdia-me na tua nuca e na raiz encaracolada dos teus cabelos e na tua camisa que insiste em ser maior que você. Eu deduzi que você conheceria o caminho melhor que eu, então me dispuz a seguir-te e eu pude perceber os teus passos apertados contra a ponta dos pés, e como subia timidamente pelas escadas, eu fui obrigado a sorrir.
A esta altura do campeonato tornava-se difícil manter uma respiração constante e uniforme, meu ar tropeçava dentro dos pulmões e eram cuspidos por minhas narinas. Devia ser a certeza de que teus olhos já me cercavam desde o porto e a vontade dos teus lábios macios. E da forma que chegou, tornou tudo mais leve, tal como livre. Nem me importei de estar despenteado e desajustado à sua companhia. Ainda me pergunto se havia mais alguém além de nós dois ali.
Mas, por falar nos teus olhos, vê se não os abra antes de eu pedir. Pra eu não perder tuas bochechas coradas e o sorriso apertado, e você evitando o contato visual, me pedindo com a voz aveludada pra parar. E eu me lembrarei daquele sentimento, da taquicardia e das borboletas que resolveram cozinhar no meu estômago.
-Ofegar
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