oh babe, às vezes você não se sente meio morna? como se o mundo te cozinhasse em banho-maria? eu finjo que choro, sabe? pra ver se o transbordar da panela me livra do grand canyon do tempo e eu sinto até frio e um certo desconforto estomacal. alguns dizem que é sentimento, outros dizem que eu minto. todos aceitam que eu aguento mesmo ouvindo meus gritos. você não tem medo que te engulam, babe? que te sufoquem com a depravação que carregam nos olhos? sou frequentemente esmagada, continuamente subtraída, milhões de vezes subjugada e morta. mas de novo eu respiro numa espécie de nova (r)existência porque o amor me reconstrói todas as vezes. todas as vezes que somos postos à prova. à prova de bala não somos e armas de fogo não carregamos. nossos calibres medem beijos, nossa metralhadora está carregada de sonhos.
o mundo me ataca com uma adaga. meu coração estanca.
não sei porque vivo, porque existo e perguntar não adianta.
no fim da noite a gente volta pros braços da solidão e dança.
a cama também machuca.
mas já não existe tempo para controles. não se controla o que se é, pelo quê se é ou porquê. se você é autêntico, não existe uma cerca no fim do terreno porque ele já não é plano, mas é pleno. porque ele vai ser, em milhões de vezes, eterno.
não se controla.
nunca, nunca.
nunca.
YAS (mmoscou)
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