É que, bem, eu não caibo em mim. Até tento me prender um pouco, segurar meus prantos e sorrisos do tamanho do mundo, mas não caibo. As minhas pequenas mãos não suportam o peso dos meus sonhos. Os meus ombros retraídos não aguentam tantas perguntas que, sem sucesso, tento responder. Eu sinto muito. E sinto muito por sentir tanto assim. Porque toda e qualquer situação me atinge em cheio na boca do estômago e eu não tenho como fugir. Porque a saudade me esmaga todos os dias e a vontade de fugir dessa rotina me comove e engasga. Eu quero muito. E sinto muito por isso. Porque o querer não move as portas sozinho. E não cabe tanta força em mim. É que eu sou inteira feita de sonhos, desejos e coisa que vi e senti. E não tenho tempo para todas elas. Eu sinto muito. E não posso sentir. Porque a vida pede razão e eu devolvo a ela toda a minha alma de flor. Mas flores não sobrevivem no asfalto. Se alguém for, eu murcho. Se o vento bater, eu quebro. Se me admirarem, vibro. Se me arrancarem, morro. Morro, porém não mudo. É que eu não caibo em mim. Mas não me importo se eu transbordar.
— rio-doce
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