Ser mais fato. Sem metáforas induzindo ao erro. Com chances de algo concreto, incrédulo ou meticuloso. Com poucas derrotas, os sonhos corriqueiros. Com um coração grande mesmo em um mundo pequeno. Em meio a palavras que não valem nada, ser mais ato do que translúcidos pioneiros que se perdem nos lábios, ou verdades que se perdem nos medos. Ser lucidez. Lucidez que a alma quer cegar. Vomitar dos sonhos, o vínculo que controla as ações das saudações. Ter o fogo que o desejo infame controla. Passar da bobagem para algo mais sério, o destino que o sabor reserva ao ar. Ser tempo. Pigmentos de uma esperança perdida, quando o momento escapa das mãos e te devora com o ímpeto de ruir. Ser a ruína. Magoar o que tem dentro. Decorar o nudismo que vem da arte e fazer da vida uma insônia que lê, que acalma. Ser confiança, colocar o coração antes da aleivosia. Amar mais, ser sorriso, ser mania. Ferver de saudade. Exalar um egoísmo bonito, tranquilo e curado. Da cura que traz a falta, mas emana o sorriso que se foi. Sê. Ferida ilícita. Sua liberdade é infinita. A sua febre é efêmera. Só basta ser. Transpareça.
— Epigrafar, 1853.
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