"Eu tento limpar o meu estoque de ar que sai aqui de dentro para que ele não seja tão pesado, entende? Eu não quero que respirem a minha poluição, porque a tristeza de cada um já é o bastante em si. Mas a gente é assim, não é? Meio inconsequente. Tranca o ar, mas respira o de todo mundo. Às vezes, até mais o dos outros do que o nosso próprio. Por isso engasga, tosse, molha os olhos. Por isso se perde daqui, dali, de si. Nessa perda eu sou boa, quase como na falta de ar. Não quero ser o lado ruim da força, a corda que arrebenta. Mas eu sou, ah, eu sou… Eu só sou. É por essas e outras que o ar quase não passa por mim. Tropeço quase sem força para caminhar, e é assim com todo mundo. Quando falta o ar, é porque a vida começou a sobrar naquele copinho d’água que teima em transbordar."
— Camila Costa.
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