“Não. Não é birra. Não é coisa lá dos cinco anos. Me incomoda. Me desatina. Quer saber? É isso. Aí está. Tudo jogado no ventilador. Me desatina porque quase já assisti ir-te. Me desatina, principalmente, pela vez em que eu quase fui. Sabe? Eu sei que sabe. Você sempre soube. Assim como eu sei que seria muito mais fácil se você sumisse daqui, se fosse para bem longe, se dissesse que não me ama e que não tá nem aí se me olham demais na rua. Nós sabemos. Se você fizesse isso, ah… Se eu soubesse que tudo o que viria de ti agora seria desamor, seria fácil. Juro. Eu sairia da tua vida sem nem comunicar-te. Você sabe disso, não sabe? Ou até se você deixasse de saber quando eu estou com a cara mais idiota do universo só porque você está falando do meu olho grande. Até assim. O que eu sinto nunca saiu daqui. E, você. Você sempre disse o mesmo. Se contradizendo nas suas burradas, mas, sempre dizendo. É isso que me prende aqui, o seu amor. Mas, meu bem, amor não sustenta atitudes estúpidas de uma vida toda, não. Certo? É isso que eu quero que você entenda. Isso era um recado de “adeus”. No início era isso, sim. E eu não consegui de novo, não é? Então. Esse é um recado de “adeus” que eu não quero nunca ter que enviar-te.”
— Era pra deixar colado na porta da geladeira. (Mércia Cardoso)
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