sexta-feira, 1 de março de 2013
"Beijamin,
Ouvi dizer que você tem andado bem, que teus sorrisos até voltaram. Fiquei pensando se isso me faz feliz. Um lado meu, aquele que ainda te ama e te implora de volta todo dia de manhã, está feliz por você. O outro, aquele que te mandou embora pela ultima vez e deixou claro em negrito, itálico e tudo mais pra todo mundo ver que eu te queria fora da minha vida, esse ai tinha esperanças de que você fosse infeliz para sempre.
Não que eu não tenha seguido em frente ou que queira te puxar para o fundo do poço. Porque sim, eu segui. Mas é complicado saber qual é o caminho certo quando você acaba de perder aquilo que te dava sentido. E quanto ao fundo do poço, não acho que você precise de ajuda para ir para lá.
Nas primeiras semanas foi mais complicado, é claro. Era como se eu pudesse chorar o Atlântico e o Pacifico de uma vez só e ao mesmo tempo soubesse que isso não me esvaziaria. Eu não sentia nada. Ou sentia tudo com tanta intensidade que nem fazia diferença, sei lá. Achei que tivesse tão cheia que nunca fosse parar de transbordar. Pois é. Mas era tudo drama. No fim, eu estava só crescendo. Crescer é isso; é a seca daquele reservatório interno da gente de choros sem sentido. E naqueles dias, me sentia meio deserto do Saara por dentro.
E nem as três mil cartas que te escrevi me fizeram melhorar. Letras rabiscadas de qualquer jeito nunca ajudam. Achei que sentiria aquela vontade imensa de te ligar a cada vez que me lembrasse de coisas nossas, me disseram que fins são assim. Mas a gente é sempre fim então nunca da pra saber se acaba de verdade ou se só tá na rotina.
Sentia o peso do mundo nas costas, mas era só a historia da gente. Resolvi então deixar nossas lembranças em qualquer esquina, para que todo mundo pudesse ver os teus erros de um jeito mais fácil. Não tinha cor de lixeira especifica pra memórias que a gente não quer mais, então joguei em qualquer uma. Um dia reciclam a gente e depois vemos no que dá.
Você faz drama demais pra um cara com só vinte e poucos. Li Gabito e lembrei de como a gente costumava ser. O que deveria ser uma honra pra alguém como você, que mal sabe como abrir um livro sem amassar de algum jeito. Você só finge que conhece as referencias literárias que eu te faço. Ou fingia. Agora se limita a balançar a cabeça, olhar nos meus olhos e depois no teu relógio de pulso pra saber se já tá perto da hora de ir. Estranho, porque nunca te pedi pra ficar depois das cinco.
Ontem á noite quis alguém que entendesse mais de literatura que você, só pra ver se o papo ia fluir depois enquanto dividia a cama. Alguém que conhecesse a loucura do Heathcliff ou os papos bem nada haver que o Charlie tinha as vezes. É, o Charlie. Aquele Charlie que eu te falei durante uma terça inteira. O que era invisivel, pois é. Queria dividir o cigarro com alguém que ao menos soubesse quem foi Shakespeare nesse mundo. Porque você é bem nem ai. O que me faz voltar a questionar o porque eu gosto tanto assim de você.
Me sinto oca. Cheia de nada e transbordando vazio. Mas ouvi dizer que você tem andando bem. O que é bom, até. Mas no fundo eu sei que já já você tá de volta, batendo minha campanhia e jurando que dessa vez você vai ficar.
E eu finjo acreditar.
Eu sei que nós somos infinitos de um jeito bom. Mesmo que só dentro de mim.
" - Fico pensando se ficar consertaria as coisas, se pedir ajudaria. Caroline Moraes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário