"Me dá um pedaço da tua razão, só um pedacinho. Meus amigos me acharam um máximo. Disseram que tenho esse jeito centrado de ser até nas piores horas. Até quando o desespero é mais que do que do outro. Eu ri por fora como quem disfarça o nervosismo de dentro. Sorri o meu sorriso mais amarelo. Disse que não é bem assim, as coisas precisam ser como são. As pessoas acham que sou boa demais. Você acha que sou demais. Eu sempre disse que são os filhos da puta que levam o prêmio. Minha alma diariamente me diz que todo o esforço do mundo nunca basta. E eu fico aqui, me jogando de um lado para o outro da vida, entre a multidão e a solidão, entre o tudo e o nada, entre a festa e o filme, entre o suco e o vinho. Tão opostos que até hoje não sei onde termina o meu bem e começa o meu mal. Mas todos, todos eles e elas, sejam quem forem, acham que sou sempre muito melhor do que isso. Quero a tua razão para aprender a atravessar a rua sem olhar para trás, para me bastar boa ou ruim, como tiver que ser. Sem me crucificar, afinal, quem eu sou? E quem nós somos? Penso em desligar o telefone, cozinhar um bolo, escrever um poema, ouvir uma música nova ou olhar o movimento na janela… Mas eu sou coração, eu não sou mera ação. E as minhas ações, às vezes, ficam perdidas em outros tempos. Não são tão boas, subentende-se. Não sei perdoar o meu próprio rancor. As pessoas pensam que amadureci. Mal sabem que enquanto ficava verde você me tirou da árvore, levou para um passeio e sumiu. Apodreci. Me dá a tua razão, vai… Deixa eu fazer com que o azedo do coração não precise mais se adoçar."
— Camila Costa.
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