não sei bem o que dizer e não preciso de alguém para me lembrar o quão estúpido é começar qualquer texto assim.
meus hábitos são evidentemente inúteis, tenho um papo desequilibrado, carência em demasia, neurose em excesso e meu corpo é o cúmulo dos esboços divinos. (aos que se cansam logo de ler dramaturgia barata, peço que parem agora de ler essa porcaria).
sou bem distante do que se pode chamar de agradável mas faço tipos e tipos ou tento. posso ser o que mais lhe agrada em um piscar de olhos já que sequer tenho um eu. faço pessoas rirem, de se jogarem ao chão, mas não passo de uma humorista fajuta se afogando em sua própria aberração enquanto vocês gargalham.
não sei cativar a ninguém e quando o tento, logo desisto, cansada demais de interpretar milhares de papéis sem realmente ser.
adoro falar de meus problemas, chorar as pitangas, esvaziar a mente, mas odeio ter que contar com palavras amigas ou ouvidos alheios porque sei que tudo que falo é estritamente desnecessário, fútil, vil e ninguém precisa realmente ouvir.
eu costumo ser a que sabe a resposta mas não levanta a mão por medo, a que esconde suas próprias opiniões temendo gerar burburinhos, a que tem voz mas não canta, escreve mas não mostra, vê mas não faz questão de informar. a que se asfixia aos poucos por não conseguir escapar pelas bordas.
aquela que respira baixo ao seu lado, que espera as luzes se apagarem para soluçar e que faz questão de secar a própria fronha que encharcou.
mas a que faz sempre questão de ouvir a todos, de sorrir a todos para poupar de mim.
e eu não me admiro que minha vida seja essa grande merda, com um fluxo de idas grotesco e um histórico de vindas baixíssimo.
pois saibam que minhas prioridades saem por glândulas sudoríparas e como camponeses em êxodo, abandonam minha terra.
e eu os invejo.
queria eu sair de meu próprio eu, abandonar minha casa, esquecer minh’alma e libertar-me.
porque eu já cansei de contar as vezes que enjoei disso. e tudo isso é drama.
e eu ainda lhes pergunto da relevância desse mesmo texto, a questionar sua própria imensidão vazia já que dificilmente o leriam ao se lembrarem da fome na somália, dos mutilados de guerra no oriente médio e dos alto índices de soropositivos na áfrica do sul.
agora, quero que se enojem de meu egoísmo e me odeiem.
e que se puderem, vomitem minha hipocrisia.
-Faltou Amor
Nenhum comentário:
Postar um comentário