por Paula Cabral.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
"Nunca tive muito sucesso em fingir minhas dores, e nunca fiz muita questão disso também. Quando o que nos aflige vem lá de dentro, não tem sorriso desbotado que ajude a disfarçar, nem maquiagem que acalme os ânimos. As olheiras denunciam as noites mal dormidas, os olhos inchados falam mais do que o sorriso torto. Não vejo necessidade nessa máscara. O ser humano não está acostumado a lidar com fragilidades, quando um bebê chora, imediatamente necessitamos saber o motivo do choro, e isso é levado para o resto dos nossos dias, não podemos chorar para nos esvaziar, que logo vem alguém desesperado por saber o que está nos afligindo. Eu não posso simplesmente lavar o quintal da alma quando quero? Não posso ser frágil sem que isso incomode quem está ao redor? Chorar é tão natural quanto sorrir, se a gente pode rir sem motivo, por que não se pode chorar também? Certa vez parei num velório qualquer, e chorei ali a morte de alguém que nunca vi, somente por saber que ninguém me perguntaria o motivo das lágrimas e eu não precisaria inventar uma desculpa pro meu choro sem motivo."
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