segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A manchete era negra e rubra como um dia em luto. Dizia algo com letras grosseiras e grandes, mas caprichosas, como de praxe no mundo jornalístico. Estava escrita na primeira página do jornal acinzentado, dizia “Corações em Liquidação”, aquilo era um costume de 1° de Abril. Todos os anos, no primeiro dia do quarto mês, uma mentira era estampada como notícia principal. Mas aquilo estava errado, obviamente a manchete falava de algo que era verdade, mas quase ninguém reparou. Eu reparei, era necessário que eu notasse aquilo. Eu já havia tentado vender meu coração diversas vezes, não por dinheiro e capital, afinal eu não sou nenhum devasso que repousa em recantos de bordel. Eu sou um moço direito, mas já tentara vender meu coração, negociá-lo por carinhos e carícias, fazer escambo em busca de abraços e aconchegos, ou simplesmente arrendá-lo por vãs ilusões e prazeres carnais. Nada deu certo, pois é impossível vender corações, é possível apenas entregá-lo nas mãos de um alguém, e pedir aos céus que tudo dê certo. E nunca isso funciona. Eu sou testemunha disto.

-Jornal Rasurado

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