Se você está esperando um texto meloso com duzentos blablablas sobre algum cara que partiu meu coração, parem de ler agora, porque esse texto não é pra ele, esse texto não é pra ninguém, esse texto é sobre mim (alguém que você conhece, mas se parar pra pensar, não sabe nada a respeito).
Eu queria começar pedindo desculpa. Desculpa por ignorar todos os valores que a sociedade impõe, aonde ela diz que as meninas devem ser boas garotas. Eu não sou uma boa garota. Eu não vejo o porquê de ser alguém bom pra milhares de “alguéns” ruins. Porque se olharmos em volta, não temos ninguém além de nós mesmos. E pode soar clichê, mas a verdade é que se você quer ser realmente um pouco feliz (um pouco só, porque ninguém consegue ser muito feliz, na verdade a maioria das pessoas nem sequer consegue ser feliz. Isso porque vivemos nessa maldita bolha aonde ninguém pode viver sem machucar outra pessoa. Onde felicidade é sinônimo de infelicidade alheia), você tem que se importar somente com si mesmo, porque em lugar nenhum haverá alguém para olhar nos seus olhos e dizer (verdadeiramente) que fará tudo pra te ver sorrindo. Tudo bem, estou generalizando demais, mas a verdade é que na maioria das vezes ninguém diz isso, não para garotas normais como eu. Não eu sendo eu (eu que já quis duzentos caras em um ano e nenhum deles me quis por nem um dia). E esse texto sendo sobre mim (e sobre aquilo que eu vivo) só terá coisas infelizes e dramáticas, porque eu escolhi ser assim (talvez não tenha sido uma escolha, mas como aprendi hoje em sei lá que aula “a gente pode escolher viver, ou a gente pode escolher viver bem”, então talvez eu tenha apenas escolhido viver porque a opção “sumir” não tenha entrado no debate). A questão é que eu não pertenço a lugar nenhum. Não pertenço aos ricos, nem aos pobres; não pertenço as bonitos, nem aos feios; não pertenço aos legais, nem aos chatos. E quem é que gosta de meio-termos? Não existe ninguém que queira amar alguém que não se encaixa em lugar nenhum, porque para tudo, para todas as coisas, somos obrigamos a escrever ou dizer aquilo que somos. E o que eu sou? “Sou um meio-termo” escreverei na próxima vez que me solicitarem tal coisa. E além das razões óbvias, o que seria ser meio-termo? Seria sempre chegar ao ponto de ser feliz e parar na metade do caminho porque algo, como de costume, deu errado? É achar o amor, vivenciá-lo por algum curto período de tempo, e depois tê-lo arrancado de mim por algum motivo desimportante? É encontrar pessoas interessantes e talvez até mesmo importantes, que depois de alguns meses me esquecerão? Se meio-termo for realmente tudo isso, então acho que talvez eu me encaixe perfeitamente nessa definição. Mas eu cansei de falar desse nhem nhem nhem de me definir, porque li uma frase de Deus sabe quem, que diz que “se descrever é se limitar” (apenas um foda-se se a frase não for essa). Mas mudando de o que eu sou, para quem eu sou? (Isso me lembra infinitamente a época do orkut aonde procurávamos perfis coloridos dizendo que éramos invejáveis e sei lá mais o que). Eu sou (ia escrever meu nome mas senti que ia ficar pessoal demais e coisas pessoais demais são cansativas de ler porque ninguém realmente quer saber da vida de ninguém). Eu talvez seja a pessoa mais egoísta do mundo, porque eu não quero as pessoas que eu amo felizes e radiantes enquanto eu estou com vontade de me atirar do primeiro prédio que eu ver pela frente. Se são meus amigos precisam sofrer comigo (e dane-se se isso é a coisa mais ridícula que você já leu até hoje). É bom, sim, óbvio, ver uma amiga sorrindo porque encontrou o amor verdadeiro, mas ao mesmo tempo é doloroso por eu ter a certeza absoluta que é esse é o tipo de coisa que nunca vai acontecer comigo. Passei metade da minha vida vendo amigas sorrirem enquanto eu corria pro quarto pra escrever um curto parágrafo sobre o quanto a vida (e as pessoas) são imbecis. E eu não me definiria como escritora, porque nunca publiquei um livro, nunca escrevi uma história boa e os meus textos são baseados em minhas próprias desilusões amorosas e alguma coisa que eu vi em algum filme idiota. Mas tudo bem, eu gosto dessa vida que eu vivo, dessa coisa de poder dramatizar tudo e qualquer coisa apenas com um lápis (ou um teclado) na mão. Eu acho que na verdade eu não sou um meio-termo, eu sou uma meio-escritora. Porque pra ser escritora inteira, eu tenho que aprender a escrever menos sobre mim e mais sobre qualquer coisa, porque como eu disse em alguma parte desse texto inútil: ninguém quer saber da vida de ninguém. E nem eu quero saber da minha vida. Nem vocês querem saber da minha vida.
E eu queria terminar esse texto de um jeito interessante, mas a única coisa que eu tenho em mente é dizer alguma frase que tenha a palavra “amor” no meio, porque apesar de ter dito que não falaria de amor nesse texto, metade de mim é amor.
ps: metade de mim é você. ”
O texto mais inútil e dispensável do ano (que por um acaso eu nem sei porque escrevi), Cibele Sena.
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